Amazonas impõe restrição rígida de circulação por dez dias

Governador Wilson Lima disse que decreto não é um lockdown. Estado vive crise no sistema de saúde e enfrenta desabastecimento de oxigênio.

23 jan 2021 - 16h34
(atualizado às 16h52)

O governo do Amazonas anunciou neste sábado, 23, que adotará a partir da segunda-feira, 25, novas medidas para tentar conter o avanço do novo coronavírus no Estado. O governador Wilson Lima (PSC) disse que um novo decreto vai restringir a circulação de pessoas ao longo de todo o dia, durante um período de dez dias. Além disso, bares, restaurantes e padaria só poderão funcionar em sistema de delivery.

Para Lima, não se trata de lockdown. "Não significa cercear o direito de ir e vir. O cidadão pode sair da sua casa, mas só pode sair se houver extrema necessidade, pode sair para ir ao supermercado, farmácia, em caso de urgência e emergência pode sair. Mas só pode sair se houver essas condições. E só pode ir ao supermercado uma pessoa por família, para que a gente possa diminuir aglomerações e consequentemente quebrar a cadeia de transmissão do vírus", explicou em pronunciamento realizado neste sábado.

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Pressão por impeachment aumentou após colapso de saúde pública em Manaus no início do ano
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Foto: Reuters / BBC News Brasil

Assista ao comunicado do governador do Amazonas sobre as novas medidas

O governador disse que a polícia estará nas ruas para garantir o cumprimento do decreto. "Objetivo não é punir ou prender ninguém. O objetivo é orientar as pessoas para evitar as aglomerações. Vamos combater as festas clandestinas, tudo isso para salvar a maior quantidade possível de vidas", reforçou.

Lima citou em seu pronunciamento que a Procuradoria-Geral da República enviou recomendação ao Estado para "promover isolamento mais severo até que haja demonstração de estabilização ou diminuição da curva de contaminação". O governador disse que a recomendação é de autoria da subprocuradora-geral da República Lindora Araújo e outros cinco procuradores federais.

O que prevê o novo decreto do governo do Amazonas:

  • Supermercados podem funcionar das 6h as 19h, limitado aos setores de alimentação, bebidas, limpeza e higiene pessoal
  • Farmácias podem funcionar 24 horas
  • Serviços de saúde não terão funcionando comprometido, incluindo clínicas veterinárias e órgãos de apoio à saúde mental
  • Feiras livres podem funcionar entre 4h e 8h da manhã
  • Obras e serviços de engenharia só podem funcionar se forem voltados à área de saúde
  • Indústria funcionará em turno de 12 horas, com exceção de empresas que tem como bem final alimentação, farmácias e itens para hospitais

O secretário de Saúde do Estado, Marcellus Campêlo, disse neste sábado que as unidades de saúde continuam a operar acima do limite da capacidade. A fila de espera por um leito clínico tem hoje 483 pessoas. Por um leito de UTI, a fila é de 101 pessoas. Campelo disse que o número pode ser maior, uma vez que pode haver demanda reprimida com pessoas que não conseguem assistência e desistem de buscar atendimento.

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No total, o Amazonas já transferiu quase 200 pacientes para outros Estados em um esquema montado para desafogar o sistema de saúde local. O secretário disse que o Estado até possui parte da estrutura para ampliar leitos clínicos, mas ainda falta abastecimento adequado de oxigênio.

"Temos leitos prontos para ampliar, mas ainda não conseguimos por limitação de oxigênio. Precisamos de mais 120/130 mil metros cúbicos", explicou. Ele voltou a reforçar que o patamar atual de consumo é o dobro do que o Estado necessitou no pico da covid-19 no ano passado.

Especialistas avaliam se o crescimento de casos tem relação com a nova variante do coronavírus detectada na região. "Isso pode explicar o súbito e exponencial aumento de casos a partir da última semana de dezembro, o que surpreendeu toda a rede", disse Campelo.

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