Aneurisma durante a gestação: neurocirurgião alerta sobre os riscos

Influenciadora americana está em coma desde que sofreu a ruptura de um aneurisma cerebral aos 9 meses de gravidez

21 jun 2023 - 12h55
(atualizado às 22h05)

A influenciadora digital Jackie Miller James, da Califórnia (EUA), passou por uma cirurgia no cérebro ao mesmo tempo que passava por uma cesariana de emergência, após um aneurisma ter se rompido uma semana antes da data prevista para o parto.

Jackie, de 35 anos, estava com nove meses de gestação quando desmaiou em casa e foi encontrada pelo marido, Austin, que a levou às pressas para o hospital. Segundo os médicos, ela sofreu um "severo sangramento cerebral" por conta do aneurisma roto. Por isso, foi colocada em coma induzido.

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A bebê felizmente sobreviveu, mas precisou ficar na UTI neonatal por 12 dias. A mãe, no entanto, segue em coma na UTI, onde já passou por outros cinco procedimentos cerebrais. "Espera-se que Jackie permaneça na UTI por semanas e continue internada por meses", informou a família.

As irmãs de Jackie usaram o perfil da influenciadora no Instagram para atualizar os seguidores sobre seu estado de saúde.

Aneurisma cerebral

O aneurisma cerebral é uma espécie de uma dilatação que se forma na parede de uma artéria, criando uma espécie de balão, explica o neurocirurgião Dr. Victor Hugo Espíndola. "Como todo balão, a parede dessa região dilatada fica mais frágil. Então, essa porção da artéria pode estourar levando a um AVC hemorrágico que é extremamente grave", alerta o especialista. 

Segundo ele, os AVCs, com consequente ruptura de aneurisma cerebral, podem ter uma taxa de mortalidade próxima a 30%. "E uma minoria daqueles pacientes que sobrevivem  conseguem voltar a uma vida normal, pois a taxa de sequela é realmente muito alta", acrescenta o neurocirurgião.

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Felizmente, é possível diagnosticar um aneurisma precocemente. Para isso, existem exames não invasivos como a angiotomografia e a angiorressonância, que conseguem mostrar a presença de dilatação em uma artéria. Os exames são indicados principalmente para pacientes com histórico familiar da condição, especialmente para aqueles com parentes de primeiro grau cujo aneurisma já rompeu.

Com a confirmação do diagnóstico, o ideal é que o tratamento seja feito antes da ruptura do aneurisma, pontua Victor Hugo. "A gente tem que deixar claro que o aneurisma, quando ele não rompe na grande maioria das vezes, ele não traz nenhum sintoma pro paciente. Ele só vai causar sintoma em caso de ruptura. Por isso, o ideal é que a gente sempre tente diagnosticá-lo e tratá-lo antes da sua ruptura, porque quando ele rompe realmente é um quadro muito grave", alerta o médico.

O risco é maior durante a gestação?

Segundo o neurocirurgião, uma gravidez bem controlada, com uma pressão arterial adequada, não costuma acarretar em tanto prejuízo no risco de um aneurisma cerebral. O grande problema é que muitas pacientes têm um aumento da pressão arterial durante a gestação, o que é um dos fatores de risco para ruptura do aneurisma. "Então, gestantes com hipertensão descontrolada têm um risco maior de romper um aneurisma", informa o Dr. Espíndola.

Mulheres com aneurisma podem engravidar?

Segundo o especialista, não é possível prevenir o surgimento de um aneurisma durante a gestação. Isso porque esta é uma condição que está presente previamente à gravidez. Muitas vezes, a mulher já tinha um aneurisma cerebral sem saber, engravidou e, provavelmente, durante a gestação ela sofreu algum desconforto que fez esse aneurisma romper, analisa o médico. Portanto, não é a gestação que vai desenvolver um aneurisma cerebral.

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"Se uma grávida sabe que tem aneurisma, ela tem que controlar a pressão, tentar manter a gravidez o mais tranquila possível. Mas, se uma mulher deseja engravidar e tem aneurisma, a gente precisa avaliar se esse aneurisma tem indicação de tratamento. Se tiver, o ideal é que se trate antes dela ficar grávida", salienta Victor Hugo. 

O médico destaca ainda que não é recomendado tratar a condição durante a gravidez. Isso porque as medicações e formas de tratamento são prejudiciais ao feto. No entanto, aneurismas que se cooperam na gestação são uma exceção. "Um aneurisma que rompeu é uma questão de urgência, então tem que tratar o mais rápido possível", ressalta Espíndola.

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Foto: Reprodução Instagram (@jaxandrose) / Saúde em Dia
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