Na sociedade brasileira, não é raro sofrer com ansiedade ou pelo menos conhecer alguém que enfrente a condição. Isso porque o Brasil é o país com o maior número de ansiosos do mundo — eram 18,6 milhões de pessoas nessa condição em 2019 ou 9,3% da população —, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Mas a população no resto do mundo não destoa. Dados publicados pela OMS através do Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022 indicaram que, aproximadamente, 1 bilhão de pessoas lidam com algum transtorno mental. Desse montante, 31% sofrem com ansiedade.
De acordo com o portal "Minha Saúde", o documento também apontou aumento de 25% nos casos de depressão no primeiro ano da pandemia. Esses números reforçam a necessidade de entender os transtornos mentais e ampliar o acesso a tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
O que é ansiedade?
Em termos simples, a ansiedade pode ser definida como aflição ou angústia diante de uma dúvida. Ou seja, é um sentimento que pode atingir qualquer pessoa nas mais diversas situações.
Porém, quando se trata de um transtorno, é a manifestação patológica desse sentimento. Há impactos no funcionamento do corpo e nas ações rotineiras do indivíduo acometido pela condição. Nas crises, os temores são potencializados, determinadas situações podem gerar pavor e é comum perder o controle dos próprios pensamentos.
O que causa ansiedade?
Não há resposta pronta, pois as causas variam de acordo com cada pessoa e suas vivências. O que deve ser levado em conta são os fatores biológicos; sociais, como as relações familiares, afetivas e de trabalho; e psicológicos.
Nesse último caso, trabalhar na superação dos traumas do passado pode ajudar a entender gatilhos de ansiedade e atenuar o transtorno. Importante também atentar para os padrões que se repetem antes de uma crise.
Quais são os transtornos de ansiedade?
Se é comum ver muita gente sofrendo de ansiedade, saiba: nem todo transtorno é igual. Há diversos tipos, seis deles mais comuns. Entenda o que caracteriza cada um deles:
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): tipo mais conhecido, o TAG provoca sensações como medo irracional, pensamentos insistentes e negativos e preocupação desmedida.
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): o TOC é marcado por crises recorrentes de compulsões e obsessões. Como detalhado pelo portal Minha Saúde, o indivíduo diagnosticado com esse transtorno pode ser fixado em ideias, imagens e pensamentos, mesmo contra sua própria vontade. Assim, o indivíduo é levado a compulsões e estabelece regras para seguir criteriosamente, a fim de obter alívio.
Síndrome do pânico: esse é o transtorno caracterizado por crises de ansiedade aguda. As pessoas acometidas com esse problema costumam enfrentar crises repentinas, chegando a sentir que vão morrer. A raiz da síndrome pode ser questões do passado, como traumas, ou questões do presente, em caso de estresse.
Fobia social: também chamada de transtorno de ansiedade social, essa fobia eleva as preocupações com a própria imagem e o temor de estar em contato com estranhos. Por isso, a interação social, especialmente quando envolve exposição pública, é tão temerária para quem sofre com essa síndrome.
Agorafobia: este é o medo de vivenciar situações que, eventualmente, possam gerar qualquer tipo de constrangimento. O transtorno também se manifesta quando não há formas de escapar de locais ou circunstâncias indesejadas.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): como o próprio nome já diz, esse é um tipo de transtorno que ocorre após o indivíduo enfrentar traumas. Ele funciona como uma sequela. Diversas situações podem desencadear o TEPT, que deixa o portador com distúrbios de sono e irritabilidade, entre outros sintomas de caráter físico, emocional e psíquico.
Quais são os principais sintomas?
Assim como os tipos de transtorno, os sintomas são diversos. Eles podem ser físicos ou psíquicos.
No primeiro caso, as reações comuns são tensão muscular, falta de ar, taquicardia ou palpitações, inquietação, dor no peito, transpiração em excesso, dor de cabeça, fadiga, tontura e náuseas.
Já no quesito mental, alguns sintomas frequentes são preocupações e medos exagerados, sensação de desastre, falta de controle sobre pensamentos que se repetem e pavor após vivenciar situações difíceis. Isso não significa que uma pessoa em crise vai desencadear todos os sintomas de uma vez.
Tratamento
Não há apenas um modelo de tratamento, mas um conjunto de ações que, combinadas, ajudam a controlar os transtornos. A primeira delas é ter acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
Fazer terapias cognitivo-comportais, psicanálise ou seguir outras abordagens que atendam melhor o estilo e as demandas do paciente é parte importante do tratamento. Inclusive, há canais na internet que oferecem atendimento gratuito a quem não pode pagar.
Em caso de prescrição médica, o paciente fará uso de remédios, como antidepressivos e ansiolíticos. Vale pontuar que a receita é pessoal, pois cada indivíduo tem seu histórico e só o profissional de saúde pode avaliar as substâncias e a dosagem adequada a se tomar.
Além de cuidar da mente, é necessário manter um cuidado regular com o corpo. Recomenda-se que o paciente busque uma atividade física do seu gosto para tornar a incorporação da prática à rotina mais fácil. Isso vai ajudar a reduzir os níveis de estresse e ansiedade.
Outra medida indicada é a adoção de uma alimentação saudável e balanceada. Tal equilíbrio trará muito mais que benefícios estéticos, com ganho de energia, disposição e melhora nos índices de saúde.
Dicas para controlar a ansiedade
A pessoa em crise sofre com pensamentos obsessivos, negativos e descontrolados, portanto, precisa relaxar. O ideal é recorrer a medidas que vão de atividade física à música, a fim de reduzir a agitação na mente.
Algumas sugestões são:
Meditar
Recorrer a hobbies
Iniciar uma sequência de autocuidado (pode ser simples, com banho e aromaterapia)
Além disso, outras ações que precisam ser adotadas constantemente são manter uma boa alimentação e uma rotina de sono que garanta o descanso necessário.
Ansiedade tem cura?
Como os transtornos de ansiedade costumam ser uma condição crônica, os especialistas não falam em cura, mas sim controle do problema. Os pacientes obtêm avanços em seus quadros de saúde quando conseguem seguir as recomendações médicas, inclusive as que demandam mudanças de hábito geral e não apenas em tempos de crise.