Aos 27, apresentadora desabafa sobre retirada dos seios

Documentário acompanhará apresentadora da BBC que vai passar por dupla mastectomia após perder mãe e irmã para o câncer

16 dez 2014 - 08h26
(atualizado às 09h46)
Claira se submeterá à cirurgia em janeiro
Claira se submeterá à cirurgia em janeiro
Foto: BBC Mundo

Aos 27 anos de idade, a apresentadora britânica Claira Hermet decidiu retirar seus dois seios após perder a mãe e a irmã mais velha para o câncer de mama. Claira, que trabalha em uma emissora de rádio da BBC, se submeterá a uma operação chamada dupla mastectomia, que ficou célebre depois de ser realizada na atriz Angelia Jolie em 2013.

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Como Jolie, a britânica descobriu através de um teste genético que tinha altas chances - 85% no caso de Claira - de desenvolver esse tipo de câncer. Sua cirurgia está marcada para 15 de janeiro, e a experiência vai ser transformada em um documentário. No relato abaixo, a apresentadora explica a sua decisão:

"Meu nome é Claira Hermet. Sou apresentadora da rádio 1Xtra, da BBC, e da emissora BT Sport. Também sou portadora do gene BRCA1, o que significa que tenho 85% de chances de desenvolver câncer de mama.

Em 15 de janeiro, terei meus seios retirados e depois reconstruídos. E decidi compartilhar minha história e minha jornada com o maior número de pessoas possível.

Quando eu tinha nove anos de idade, minha mãe morreu de câncer de mama, deixando um vazio imenso na minha vida e na vida da minha família.

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Eu sabia que sua morte iria mudar o rumo das nossas vidas para sempre. Mas esse não é o fim da minha história com o câncer, porque minha irmã – minha melhor amiga - foi diagnosticada com câncer de mama aos 25 anos e morreu seis anos e meio depois, após uma horrível batalha contra a doença.

Infelizmente, minha mãe não foi testada para a mutação do gene BRCA, uma condição hereditária que implica para o seu portador uma chance de 85% a 87% de desenvolver a doença.

No entanto, minha irmã fez o teste quando soube que tinha câncer. E os resultados mostraram que ela era positiva para BRCA2. Foi então que me pediram para fazer o teste também.

Eu, honestamente, achava que não tinha o gene. Até minha irmã duvidava disso, porque eu tinha puxado mais à família do meu pai, enquanto ela se parecia mais com a da minha mãe.

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Poucas semanas depois, recebi os resultados do teste. Estava tão confiante que apesar de várias pessoas se oferecerem para ir comigo, fui sozinha.

Quando me disseram que, sim, eu tinha o gene, falei que estava bem.

Mas enquanto aquela senhora me explicava as minhas escolhas a partir de então, eu não conseguia ouvir nada, só pensava em segurar as lágrimas.

Deixei a clínica pensando em como, com a minha irmã tão doente, dar a notícia a ela e ao restante da minha família.

Mas contei.

E em consultas com cirurgiões e conversas com outros portadores da mutação, descobri que uma dupla mastectomia era praticamente a única medida preventiva para o meu caso.

Munida dessa informação, fui viver minha vida.

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Sempre repeti para mim mesma que estaria em uma relação estável quando eu decidisse operar. Dessa maneira, minha aparência não importaria, porque essa pessoa iria me amar de qualquer jeito.

Mas sigo solteira. Não tenho filhos e, na realidade, não vou ter filhos antes de passar por isso. Meu pior pesadelo é ter filhos e ter de deixá-los.

Remover meus seios vai reduzir minhas chances de desenvolver câncer de mama de 85% para 4%.

Jornada compartilhada

Para dividir essa experiência, estou fazendo um documentário com a BBC, que será transmitido em março.

Por algum tempo, à medida que minha operação se aproximava, meus medos e dúvidas aumentavam. Eu me sentia confusa e com medo. Acima de tudo, questionava se essa era a decisão certa para mim.

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Eu me preocupava com coisas pequenas, como "será que eu ainda vou me sentir sexy?" Mas depois comecei a rir disso tudo.

É o tipo de dúvida muito menor se comparada com simplesmente estar viva.

Mas eu adoro essas dúvidas, porque elas me lembram de por que estou fazendo essa operação e como é importante para mim dividir minha história com outras pessoas. Minha esperança é que elas consigam racionalizar seus medos e se sentir confiantes e no controle de suas próprias vidas.

Aprendi que só se vive uma vez e que já passei tempo demais me sentindo triste e infeliz.

A morte da minha irmã foi um ponto de inflexão. Ela já não tem a vida dela, mas eu tenho a minha. E vou continuar a lutar para preenchê-la com alegria, positividade e significado."

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