Arcturus: o que se sabe sobre a nova variante da Covid-19

A cidade de São Paulo registrou o primeiro caso da variante arcturus no Brasil. Paciente é homem de 75 anos que já recebeu alta

3 mai 2023 - 11h35
(atualizado às 21h21)

A cidade de São Paulo registrou o primeiro caso da variante XBB.1.16 da Covid-19 no Brasil, também conhecida como arcturus. O paciente é um homem de 75 anos, acamado e com comorbidades, que  possui o esquema vacinal completo contra a Covid. 

Ele apresentou os sintomas de síndrome gripal e febre no dia 7 de abril e recebeu atendimento em um hospital particular da capital. O homem teve alta médica na quinta-feira (27).

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De acordo com a prefeitura da cidade de São Paulo, a variante está sob monitoramento da Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma variante de interesse. Até o momento, a arcturus não apresentou gravidade ou aumento no número de casos na capital paulista.

O que significa variante de interesse?

O médico infectologista e diretor médico da Hilab, Dr. Bernardo de Almeida, explica que a classificação "variante de interesse" se refere àquelas mutações que estão em crescimento proporcional, provavelmente por alguma vantagem competitiva em relação às variantes que estavam em circulação. 

"[A arcturus] foi classificada pela OMS como variante de interesse (VOI) em 17 de abril devido ao aumento progressivo de prevalência, subindo de 0,52% para 4,15% em um período de 1 mês. Porém, não há evidências de aumento na severidade da doença, o que é uma boa notícia", afirma o médico. 

Segundo ele, no momento este é apenas um alerta que justifica o aumento no monitoramento dos casos. "Se futuramente passar a representar risco significativo, pode progredir para uma variante de preocupação (VOC). Nesse momento não há nenhuma variante classificada como VOC", acrescenta o infectologista. 

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A arcturus pode indicar uma nova onda de Covid-19?

Bernardo explica que o surgimento de novas variantes é inevitável. Isso é resultado de uma série de mutações que ocorrem no vírus e geram vantagem competitiva para a sua replicação e transmissão. 

"A principal variável que gera esse efeito é o escape do sistema imune gerado pela queda dos anticorpos. Mas mutações que geram aumento na capacidade de transmissão, como afinidade às células ou aumento no tempo de transmissão, podem gerar vantagem competitiva a uma nova variante", esclarece. 

Por isso, novas ondas ocorrerão de tempos em tempos — seja por novas mutações, seja por queda de anticorpos na população, afirma o mestre em doenças infecciosas. "Não está claro ainda de quanto em quanto tempo ocorrerão novas ondas epidemiológicas. Até o momento não há indícios que essas ondas venham acompanhadas por aumento na gravidade. O que vem ocorrendo é justamente o contrário, conforme a imunidade populacional progride por vacinação ou infecção curada, a gravidade vem diminuindo", destaca. 

No entanto, Bernardo destaca que isso não significa que a Covid-19 não seja mais um problema, já que ainda há populações vulneráveis à infecção, com risco de hospitalização e óbito. Há também os efeitos tardios que devem ser considerados, como a Covid longa e aumento no risco cardiovascular gerado por uma infecção prévia. 

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Recomendações para a população

O infectologista ressalta que a vacinação é a principal forma de se prevenir do vírus e de suas variantes, como a arcturus. Por isso, o ideal é estar em dia com a vacinação disponível para seu contexto de comorbidades e/ou faixa etária. 

"A vacina bivalente, já disponível para grande parte da população, se provou eficaz, com redução de mortalidade. Portanto, sua relação risco x benefício continua pendendo ao benefício, e é uma forma de diminuir ainda mais as complicações da infecção", salienta o médico. 

De acordo com o especialista, as vacinas proporcionaram uma redução mais rápida na gravidade da doença, com efeitos enormes no contexto inicial da pandemia, quando a imunidade coletiva era ainda baixa. "Ainda há efeito positivo da vacinação e dos reforços através da redução na gravidade da doença, particularmente nas populações mais vulneráveis", acrescenta. 

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Foto: Shutterstock / Saúde em Dia
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