Até que idade é possível fazer o congelamento de seu sêmen?

Congelamento de óvulos é indicado em casos de futura vasectomia, tratamento de câncer, cirurgia da próstata e exposição a agentes tóxicos

2 abr 2024 - 06h50
Resumo
Mulheres e homens podem congelar respectivamente os óvulos e o sêmen como forma de preservar suas fertilidades, mas o limite para o congelamento do sêmen é 45 anos, uma vez que a qualidade com o avançar da idade diminui e isso pode afetar a qualidade do material genético do bebê.
Até que idade é possível fazer o congelamento de seu sêmen?
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O congelamento de óvulos é um procedimento cada vez mais popular entre mulheres que desejam adiar a gravidez. E, apesar de ser uma opção menos discutida, os homens também podem congelar o sêmen como forma de preservar a fertilidade. Mas sabemos que, no caso das mulheres, a quantidade dos óvulos disponível decai com o tempo e, após a menopausa, congelá-los já não é mais possível. Nesse sentido, os homens também devem se preocupar com a ação do tempo? Existe um limite para o congelamento de sêmen? 

“Não existe um limite de idade para o paciente que quer congelar sêmen, mas aqueles com mais de 45 anos podem ter queda na qualidade de espermatozoides e no seu material genético. Isso pode representar riscos à formação do bebê”, diz Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

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O especialista explica que, após os 40 anos, a qualidade do esperma diminui. 

“Os cientistas concordam que a qualidade do esperma diminui com a idade, mas há menos consenso sobre o porquê e como isso ocorre. A queda na testosterona certamente desempenha um papel. As células de Leydig, nos testículos, geram níveis muito altos de testosterona que estimulam a produção de espermatozoides, mas essas células diminuem em número com a idade”, explica Fernando. 

Fatores que afetam a qualidade do sêmen

Há uma série de fatores que afetam a qualidade do sêmen, de forma que os principais problemas são concentração (percentual de espermatozoides no líquido do sêmen), morfologia (forma) e motilidade do espermatozoide (capacidade de se mover para o óvulo). 

“Ainda não está claro se a concentração de espermatozoides cai significativamente. Alguns cientistas até acham que a concentração poderia aumentar ligeiramente com a idade. Mas eles estão muito mais preocupados com a maneira como as mudanças na motilidade dos espermatozoides afetam a fertilidade masculina”, acrescenta o médico.

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Outro problema da fertilidade masculina tardia é a fragmentação do DNA espermático. 

“Ao contrário das mulheres, que têm um número finito de óvulos, os homens continuam produzindo espermatozoides ao longo de suas vidas. Mas, cada vez que o esperma é produzido, ele reproduz o DNA masculino e, a cada replicação, há o risco de mutações ou fragmentação do DNA. À medida que os homens envelhecem, a fragmentação do DNA aumenta, o que leva a um aumento também nas anormalidades cromossômicas, que podem causar problemas de saúde no bebê, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo ou natimorto”, diz o médico. 

O risco de ter filhos com TEA

Há também um tema bastante controverso, mas importante: o risco de ter filhos com transtorno do espectro autista (TEA) aumenta com o avançar da idade paterna, já sendo notada essa diferença em homens que foram pais após os 30 anos e mais especificamente após os 40 anos. 

“Porém, as razões para esse aumento no risco de ter filhos com TEA em homens com mais idade ainda não são conhecidas”, destaca o médico.

Ou seja, idealmente, o sêmen deve ser congelado até os 45 anos, mas isso não quer dizer que homens após essa idade não possam, necessariamente, realizar o procedimento. “Tudo deve ser avaliado com o médico”, diz o especialista.

Ele explica que o procedimento é especialmente indicado, por exemplo, em casos de futura vasectomia, pois assim, se houver mudança de planos no futuro, esse sêmen congelado pode ser usado para uma nova gravidez. 

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“Homens que, por motivo de trabalho, estão muito expostos a agentes tóxicos também podem ter indicação para o congelamento, pois essas substâncias diminuem a quantidade e a motilidade dos espermatozoides. O procedimento também é indicado para pacientes que passarão por tratamentos de quimio e radioterapia, que podem levar à esterilidade, e cirurgias de próstata, que podem lesar os canais que transportam os espermatozoides”, detalha. 

A hora da inseminação

O médico também afirma que o sêmen também pode ser congelado quando o parceiro não consegue estar presente no momento da fertilização in vitro ou da inseminação, seja por questões de ocupação no trabalho ou por doenças.

Segundo Fernando Prado, o congelamento de sêmen é um procedimento muito simples e a coleta, geralmente, é feita por masturbação. 

“Quando o homem tem a contagem reduzida ou ausência de espermatozoides no sêmen, é possível realizar um procedimento cirúrgico para retirada dos espermatozoides do testículo ou do epidídimo”, diz o médico. 

Após a coleta, o sêmen é encaminhado para laboratório especializado no congelamento. O material é resfriado em nitrogênio líquido até os -196ºC. 

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“No geral, recomendamos que sejam armazenadas diferentes amostras do sêmen para aumentar as chances de sucesso. E vale ressaltar que o congelamento de sêmen é um procedimento seguro, mais barato que o congelamento de óvulos, e os espermatozoides podem ser preservados por décadas, mantendo sua qualidade”, finaliza.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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