Um homem de 40 anos precisou provar uma condição rara, conhecida como 'autocervejaria' ou 'síndrome da fermentação intestinal', após ser acusado de dirigir alcoolizado em país da Europa. Os fatores de risco incluem anormalidades gastrointestinais, uso prolongado de antibióticos e dietas ricas em carboidratos e o diagnóstico vem acompanhado por mudanças alimentares, medicamentos antifúngicos e medição de etanol no sangue.
Um caso inusitado chamou a atenção de autoridades na Bélgica. Um homem de 40 anos precisou provar uma rara condição de saúde após ser acusado de dirigir alcoolizado por apresentar altos níveis de etanol no sangue. Ele sofre com a síndrome conhecida como “autocervejaria” ou síndrome da fermentação intestinal.
Em um estudo publicado na National Library of Medicine (NIH), a síndrome da autocervejaria (ABS) é considerada uma doença rara, que se caracteriza pela produção de álcool no interior do organismo. Ou seja, a pessoa pode apresentar níveis elevados de álcool no sangue mesmo não consumido bebida alcoólica.
Sintomas
Em alguns casos, os pacientes apresentam tontura, desorientação e comprometimento das habilidades motoras. Na maioria dos casos, a ABS é tratada com mudanças na dieta e medicamentos antifúngicos, pois ela geralmente aparece depois de problemas intestinais já existentes.
Algumas pessoas ainda relatam sensação de desmaio, náusea, vômito, dificuldade de articulação ou visão turva. Além da fala incoerente e dos olhos vidrados, também podem ocorrer quedas frequentes.
Fatores de Risco
De acordo com o estudo, os fatores de risco para ABS incluem anormalidades gastrointestinais, uso prolongado de antibióticos e dietas que promovem a fermentação microbiana como as ricas em carboidrato.
Alguns estudos relataram associação da síndrome entre pacientes com diabetes e cirrose, encontrando concentrações mais altas de etanol no sangue do que em controles saudáveis.
“Compararam o nível de etanol no sangue de 50 pacientes com cirrose hepática e diabetes com indivíduos saudáveis após 12 horas de jejum. Todos os participantes nunca consumiram álcool antes do estudo. Os níveis de etanol no sangue foram significativamente mais elevados em pacientes com cirrose hepática e diabetes do que naqueles do grupo controle”, diz o estudo.
Diagnóstico
Devido à sua raridade e à sobreposição de sintomas com outras condições, a ABS requer um diagnóstico detalhado. Os pesquisadores sugerem que se tenha um histórico detalhado do paciente, incluindo hábitos alimentares, consumo de álcool e sintomas gastrointestinais.
Um exame físico abrangente também é essencial para detectar a intoxicação inexplicável por etanol. Alguns pacientes apresentam sintomas com mais frequência se sofrerem de obstrução intestinal, gastroparesia ou disfunção hepática além da ABS.
“A ABS pode ser difícil de diagnosticar porque seus sintomas são semelhantes aos do abuso de álcool ou de transtornos psiquiátricos. Uma medição precisa da concentração de álcool no sangue e uma dieta controlada de carboidratos são necessárias para o diagnóstico”, afirmam os cientistas.
O estudo destaca que é preciso compreender os mecanismos do desequilíbrio no crescimento de microrganismos que naturalmente são encontrados no intestino e seu papel no desenvolvimento da doença para o desenvolvimento de tratamentos eficazes.