O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A condição pode prejudicar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Isso porque ela provoca rigidez, tremores e dificuldades de movimento e outros sintomas que limitam a independência e a capacidade de realizar tarefas diárias. Embora não haja cura conhecida, os avanços na medicina têm permitido um melhor controle dos sintomas.
A exemplo disso, uma nova descoberta pode mudar a forma como a ciência enxerga o desenvolvimento do Parkinson. De acordo com um novo estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e publicado na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, um dos causadores da doença de Parkinson poderia ser uma bactéria intestinal.
O estudo coletou amostras de fezes de 10 pacientes com Parkinson e de 10 pessoas saudáveis (seus respectivos parceiros). Depois, a equipe isolou dessas fezes um grupo de bactérias chamado de Desulfovibrio. Então, usou essas bactérias para a alimentação de um verme e avaliou se aconteceria o acúmulo de uma proteína dentro deles. Isto é, a alfa sinucleína, cuja forma defeituosa está relacionada à doença de Parkinson.
Finalmente, verificou-se que os vermes que se alimentaram das bactérias de pessoas com Parkinson desenvolveram esse acúmulo em maior intensidade do que os vermes que se alimentaram das bactérias de pessoas sem Parkinson. Além disso, os pesquisadores observaram que os primeiros vermes morreram mais do que os últimos.
Vantagens da descoberta
Segundo o neurocirurgião especialista em Parkinson, Dr. Bruno Burjaili, pesquisas que buscam compreender melhor o surgimento da doença de Parkinson ajudam a direcionar melhor o desenvolvimento de técnicas que busquem prevenir, diagnosticar e tratar a doença.
"Os resultados do estudo sugerem que essa bactéria, nas pessoas que têm doença de Parkinson, pode ser um dos fatores responsáveis pelo acúmulo da proteína defeituosa que já sabemos estar relacionado ao problema. Resta sabermos se esses achados serão confirmados e melhor detalhados por outros estudos. Para, então, esclarecermos se, na prática, atacar essas bactérias ajudará na luta contra a doença, e como fazer isso", explica Bruno.