Médicos informaram na manhã desta terça-feira, 5, que a bala que atingiu o baixista do Ultraje a Rigor, Rinaldo Oliveira Amaral, mais conhecido como Mingau, atravessou o crânio e passou por área de funções motoras.
"O projétil penetrou na caixa craniana na região frontal esquerda, ele não foi retido dentro do crânio, ele provavelmente transfixou e se perdeu no ambiente onde houve o acidente", relatou o neurocirurgião Manuel Jacobsen, durante uma coletiva de imprensa realizada no Hospital São Luiz, no Itaim Bibi, Zona Oeste de São Paulo, onde o músico está internado.
Segundo ele, não havia resíduo do projétil dentro do crânio, com marcas de entrada e saída. A área afetada pela bala é responsável por funções motoras, da linguagem e da visão. Os médicos ressaltam, no entanto, que não é possível fazer um prognóstico sobre possíveis sequelas.
"É difícil estabelecer um prognóstico devido às condições biodinâmicas. Operações futuras podem ser necessárias. Só o tempo vai dizer [...] É uma condição grave, mas nós temos que aguardar o tempo. A neurologia depende muito das habilidades do neurocirurgião, dos cuidados de UTI, mas depende muito de condições individuais de cada pessoa", ressaltou Jacobsen.
O estado de saúde é considerado gravíssimo. Mingau continua sedado e com ventilação mecânica na UTI do hospital recebendo "antibióticos, anticonvulsivantes e medidas para conter o aumento da pressão intracraniana".
"Hoje o principal foco é o tratamento da pressão intracraniana do paciente. Traumas dessa magnitude apresentam três fases: trauma, inchaço cerebral e vigilância. Hoje, o Mingau está sedado e está na fase de controle da hipertensão craniana", explicou o coordenador da UTI neurológica, Thiago Romano. Não há previsão para retirada da sedação.
Família e recuperação
Ainda segundo a coletiva, os familiares do músico recebem suporte multiprofissional com apoio de psicólogos. Os médicos também buscam “traduzir a palavra técnica para a família. Para trazer certo conforto e visualização do quadro”, explicou Romano. Maira Cardoso, namorada do músico, e Isabella Aglio, filha do baixista, já se manifestaram nas redes sociais pedindo orações por Mingau.
Apesar do estado grave, a equipe explica que o quadro clínico demanda um longo processo de recuperação. “É um processo que leva tempo. É o dia a dia. Todos os dias a gente dá suporte e tratamento para evitar as complicações de possíveis infecções, sangramento, de aumento da pressão intracraniana. Não é uma recuperação de um dia para o outro. É uma recuperação lenta”, detalhou Fernando Sogayar, diretor médico.
Entenda o caso
Mingau, de 56 anos, sofreu uma tentativa de assalto em Paraty, no Rio de Janeiro, na madrugada de domingo, 3. Na ação, o músico foi alvo de vários disparos efetuados por criminosos armados. Após transferência para São Paulo, ele fou submetido a uma cirurgia intracraniana de emergência, com duração de 3h30.
Além de prender um homem suspeito de ser o responsável pelo tiro na cabeça do baixista, a Polícia Civil identificou mais três suspeitos que estariam envolvidos no crime. Uma operação integrada busca localizar o trio.
De acordo com o delegado Marcello Russo, a identificação dos três ocorreu durante a operação que capturou o homem identificado como Relíquia, na tarde de domingo, 3, na Ilha das Cobras, em Paraty, no Rio de Janeiro. Na ação, os policiais encontraram dezenas de porções de drogas, como cocaína, maconha e loló, além de carregadores de armas, uma pistola glock com numeração raspada, uma .40, supostamente utilizada na tentativa de homicídio.