Uma pesquisa divulgada pela ResMed no Dia Mundial do Sono revelou que o Brasil é um dos países com a maior duração média de sono, mas ainda aparece como o mais incomodado com a falta de descanso. A especialista em Medicina do Sono, Márcia Assis, destaca fatores que interferem na qualidade do sono como ambiente, alimentação, atividade física, estresse e eletrônicos.
Uma pesquisa divulgada pela ResMed neste dia 15 de março, o Dia Mundial do Sono, revelou que o Brasil aparece entre os quatro países com a maior duração média de sono, são 7,1h por noite. Os outros três são: Hong Kong, Índia e Tailândia. O estudo foi realizado com 36 mil pessoas em 17 países
No entanto, os brasileiros ainda aparecem como os mais incomodados com a falta de sono ideal, com uma média de 1,25h a menos das 8h recomendadas. Uma parcela de 38% dos entrevistados no Brasil consultou um profissional sobre dificuldades de sono, e 10% foram testados e diagnosticados com algum distúrbio do sono.
Quase 40% dos entrevistados gerais da pesquisa afirmaram que não dormem mais do que três noites de sono reparador por semana – e alguns dormem apenas uma; 50% relataram sentir sonolência excessiva durante o dia; 40% disseram ter sentimentos negativos pela manhã e 39% têm mais irritabilidade.
Em toda a população pesquisada, apenas 13% dos entrevistados relataram dormir bem todas as noites. Você se identifica com esses números?
Em entrevista ao Terra, a neurologista especialista em medicina do sono e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS), Márcia Assis, explica que a qualidade do sono pode ser influenciada por diversos fatores, tais como:
Rotina de sono: Dormir e acordar sempre nos mesmos horários ajuda a regular o relógio biológico do corpo.
Ambiente de sono: Um ambiente confortável, escuro, silencioso e com uma temperatura adequada pode favorecer a qualidade do sono.
Alimentação: Evitar refeições pesadas antes de dormir e consumir alimentos que promovam o relaxamento, como chás e alimentos ricos em triptofano, podem contribuir para uma boa noite de sono.
Atividade física: Praticar exercícios regularmente pode melhorar a qualidade do sono, desde que não seja feito próximo ao horário de dormir.
Estresse e ansiedade: Problemas emocionais e preocupações excessivas podem interferir no sono. Práticas de relaxamento e técnicas de gestão do estresse podem ajudar.
Uso de eletrônicos: A exposição à luz azul emitida por dispositivos eletrônicos antes de dormir pode prejudicar a qualidade do sono.
Condições médicas: Distúrbios do sono, como apneia do sono, insônia e síndrome das pernas inquietas, podem afetar a qualidade do sono.
Medicamentos: Alguns medicamentos podem interferir no sono. É importante consultar sempre um médico sobre os efeitos dos medicamentos na qualidade do sono.
Mulheres têm mais insônia; homens roncam mais
A especialista conta que a idade e o sexo também influenciam no sono de uma pessoa. Mulheres, por exemplo, têm uma maior incidência de distúrbios do sono, como insônia e apneia do sono. Por outro lado, os homens podem ter maior propensão a distúrbios do sono relacionados ao ronco e apneia.
“As mudanças hormonais ao longo da vida, como a menopausa, também podem afetar o sono das mulheres”, diz a médica.
A qualidade do sono também muda com a idade. Crianças e adolescentes tendem a precisar de mais horas de sono do que adultos, e idosos podem ter um sono mais fragmentado e menos profundo. O sono dos recém-nascidos, por exemplo, envolve diversos fatores naturais de desenvolvimento.
Os recém-nascidos passam por ciclos de sono mais curtos e frequentes do que os adultos. Eles têm um sono mais fragmentado e passam por fases de sono REM (movimento rápido dos olhos) mais longas. Além disso, os pequenos têm um padrão de sono mais irregular e passam a maior parte do tempo dormindo.
“Os recém-nascidos têm necessidades de sono muito maiores do que os adultos. Eles podem dormir até 16 a 20 horas por dia, enquanto os adultos geralmente precisam de 7 a 9 horas de sono por noite. Eles ainda estão desenvolvendo o seu ritmo circadiano, o que significa que ainda não têm um padrão regular de sono diurno e noturno”, explica a profissional. Por isso, muitas mães e pais sofrem com a privação de sono enquanto cuidam dos bebês.
Consequências da privação de sono
Além de cansaço e sonolência diurna, dormir mal ou ter má qualidade de sono pode gerar diversas consequências negativas para a saúde, incluindo:
Problemas de saúde mental: A privação de sono está associada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e irritabilidade.
Problemas de peso: A privação de sono pode afetar os hormônios que regulam o apetite, levando a desejos por alimentos ricos em calorias e contribuindo para o ganho de peso.
Comprometimento cognitivo: O sono inadequado pode afetar a função cognitiva, a memória, o raciocínio e a tomada de decisões, prejudicando o desempenho em tarefas mentais.
Aumento do risco de doenças crônicas: A falta de sono de qualidade pode aumentar o risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes, obesidade, doenças cardíacas e pressão alta.
Sistema imunológico enfraquecido: O sono desempenha um papel importante na regulação do sistema imunológico. A falta de sono adequado pode enfraquecer o sistema imunológico e aumentar a suscetibilidade a infecções e doenças.
Risco aumentado de acidentes: A sonolência diurna e a falta de atenção devido ao sono inadequado podem aumentar o risco de acidentes de trânsito, no trabalho e em outras situações.
A neurologista reforça que adotar hábitos que priorizem um sono de qualidade é importante para prevenir essas consequências negativas e promover uma boa saúde e bem-estar a longo prazo.