O governo trabalha para ampliar a capacidade de testes da covid-19. A ideia é saltar de até 6,7 mil testes diários para cerca de 30 mil exames. No cenário ideal, o ministério quer, em 180 dias, chegar a 3 milhões de exames feitos.
No período de enfrentamento ao novo coronavírus, o governo também fez cerca de 90 mil testes para tipos distintos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. Estes testes ajudam a descartar casos da covid-19.
Há obstáculos importantes para ampliar a capacidade de teste para novo coronavírus. De 3 milhões de unidades encomendadas com a Fiocruz, todas do tipo "RT-PCR", tido como extremamente preciso, só 104 mil chegaram ao ministério. Pelo menos 1 milhão já eram esperadas. Procurada, a Fiocruz não explicou o atraso, mas disse que está "ampliando significativamente" a produção.
O Ministério da Saúde também receberá 600 mil testes doados pela Petrobrás - 300 mil já chegaram, mas 100 mil serão usados apenas no Rio de Janeiro.
Técnicos da pasta reconhecem que poucos testes foram feitos até agora, mas apontam, além de atrasos da Fiocruz, a falta do produto no mercado global como problemas. No sábado, 4, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse que inclusive dados sobre letalidade pela doença no País serão alterados quando for ampliada a capacidade de exames.
O ministério também fez consulta no fim de março à indústria para compra de 20 milhões de testes RT-PCR. A ideia é receber a primeira parcela, de pelo menos 4 milhões de unidades, no meio de abril.
Testes rápidos. O governo federal quer ainda o apoio de milhões de testes rápidos. O produto não é usado para diagnóstico final da doença, mas auxilia na triagem e deve ser aplicado especialmente em profissionais de saúde.
O Estadão/Broadcast revelou que o ministério vê "limitações importantes" em testes doados pela mineradora Vale ao governo, que podem errar 75% dos resultados negativos para a covid-19. O produto passou por análises no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e foi liberado nesta semana para uso. A Saúde deve publicar um boletim epidemiológico com instruções de uso deste teste.
Segundo fontes que participam de negociações com o governo, uma dificuldade será a análise de qualidade de testes rápidos e do tipo RT-PCR que o governo pretende comprar. O governo pede que produtos não registrados pela Anvisa sejam testados no INCQS, que já avisou não ter conhecimento para dar aval a este tipo de produto.