Após 18 anos de Globo, o jornalista Marco Aurélio Souza anunciou, na noite desta quinta-feira, a saída da emissora. Através do Instagram, ele revelou sofrer com a Síndrome de Burnout, razão que o fez pedir demissão.
"Foi no fim de fevereiro deste ano que algo que eu não sabia definir me impediu de sair de casa. Certeza naquela hora só uma: eu não quero trabalhar! E, imediatamente, veio a pergunta: como alguém que tinha tanto prazer no trabalho, alguém que dizia que "nem trabalhava" de tanta afinidade com o ofício, amanhece querendo fugir do trabalho? O que eu não sabia explicar, com o acompanhamento de uma psiquiatra e um terapeuta ganhou forma e nome: síndrome de burnout", escreveu o jornalista na legenda da publicação.
Em 2019, uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR) estimou que 32% da população mundial economicamente ativa sofria de sintomas de burnout. Outro levantamento, feito já na pandemia, apontou que 44% dos brasileiros entrevistados afirmaram que o período de convívio com a Covid-19 amplificou a sensação de esgotamento profissional.
Esse total representa, em números absolutos, algo em torno de 39,6 milhões de trabalhadores afetados no país. Em um ranking de oito países, o Brasil ocupa a primeira colocação, à frente de Singapura (37%), Estados Unidos (31%) e Índia (29%).
Síndrome de Burnout
De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. A condição é resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.
Conforme o médico do trabalho, Dr. Marcos Mendanha, diretor e professor da Faculdade CENBRAP, os principais sintomas do Burnout são:
- Exaustão;
- Esgotamento dos recursos físicos e mentais;
- Nítida sensação de eficiência reduzida.
"Essa sintomatologia pode se apresentar de várias maneiras, inclusive com a diminuição da vontade de ir para o trabalho. O importante a ser observado são alterações. Se o colaborador gostava de ir ao trabalho e passou a não gostar; ou era bastante eficiente e a produtividade diminuiu; ou era comunicativo e agora está mais retraído e isolado, etc. Essas alterações podem indicar, a depender do contexto ocupacional, a Síndrome de Burnout", afirma o especialista.
Por que não chamamos o Burnout de fadiga?
Porque, segundo a OMS, o Burnout decorre do estresse crônico especificamente relacionado ao trabalho. A fadiga, por outro lado, pode ser causada por qualquer tipo de estresse, como, por exemplo, um casamento conturbado ou problemas socioeconômicos, aponta o médico.
Portanto, podemos dizer que "todo Burnout é uma fadiga, mas nem toda fadiga é um burnout". "A fadiga só será equivalente ao Burnout quando o estresse que lhe deu origem for especificamente relacionado ao trabalho, sem relação com outras áreas da vida do indivíduo", reforça o Dr. Marcos.
Quando procurar ajuda?
Ninguém conhece melhor o trabalhador do que ele mesmo. Por isso, diante de qualquer uma das alterações mencionadas, o profissional de saúde mental deve ser requisitado. "Vale ressaltar que, da mesma maneira como cuidamos do nosso corpo sem nenhum pudor ou preconceito, nossa saúde mental deve ser cuidada e priorizada também", destaca o especialista.