O dia 14 de agosto é o Dia de Combate à Poluição, problema que foi para além das mudanças climáticas, e agora impacta também a saúde pública. A realidade é que vivemos em um planeta cada vez mais quente. No início do mês de julho a Terra bateu, por dois dias consecutivos, recorde de temperatura média já registrada, atingindo 17,18°C. O fato deixou um grande alerta para o mundo todo. Isso porque as altas temperaturas aliadas a recordes de poluição atmosférica podem trazer problemas sérios de saúde, e até mesmo levar a um infarto.
De acordo com um novo estudo, publicado pela revista científica Circulation, o calor extremo e a exposição a altos níveis de poluição estão relacionados com um risco aumentado de infartos. A pesquisa analisou 202.678 mortes cardíacas na China entre 2015 e 2020. De acordo com os pesquisadores, durante momentos de onda de calor, o risco de infartos chegou a aumentar 74%.
O que explica a relação entre calor, poluição e infarto?
Segundo o médico cardiologista Dr. Roberto Yano, a relação pode ser consequência da desidratação, dilatação arterial e maior esforço cardíaco para manter temperaturas fisiológicas. "Sabe-se que o calor faz dilatar os vasos sanguíneos, o que pode levar a uma queda na pressão arterial, além do normal. Esses episódios de hipotensão podem reduzir o fluxo de sangue ao coração e ao cérebro. Em alguns casos isso pode levar a tontura, desmaios, baixo fluxo coronariano e até arritmias cardíacas", explica.
Conforme o especialista, outro fator importante a ser considerado é a desidratação. "Em dias com temperaturas mais elevadas é comum ocorrer suor excessivo e a falta de ingestão de líquidos. Isso faz com que a viscosidade do sangue aumente, aumentando o risco de infarto em pessoas já propensas e com condições pré existentes", afirma o médico.
Além disso, o relatório dos pesquisadores também afirma que até 2,8% das mortes cardíacas estavam relacionadas com níveis de poluição que excedem as diretrizes internacionais de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isto é, além dos altos níveis de calor. Já existem evidências de que partículas de poluição presentes no ar podem desencadear vasoconstrição arterial, o que contribui para gerar um risco aumentado de derrame e infarto do miocárdio.
Como prevenir
"As principais indicações nesses cenários é que seja feita a ingestão frequente de água para evitar a desidratação. E, sempre que possível, evitar a exposição a altas temperaturas durante períodos prolongados e locais com muita poluição do ar", recomenda o cardiologista.
"No caso de pessoas com condições pré existentes, como hipertensão, diabetes, colesterol alto, ou que tenham mais de 40 anos de idade é importante realizar suas consultas cardiológicas regularmente, e manter sempre suas medicações em dia", afirma o Dr. Roberto Yano.