A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou as estimativas mais recentes da carga global de câncer, baseadas nas melhores fontes de dados disponíveis nos países em 2022.
De acordo com novas estimativas disponíveis no Observatório Mundial do Câncer da IARC, 10 tipos de câncer juntos foram responsáveis por cerca de dois terços dos novos casos e mortes em todo o mundo em 2022. Os dados abrangem 185 países e 36 tipos de câncer.
O câncer de pulmão foi o câncer mais comum em todo o mundo, com 2,5 milhões de novos casos, representando 12,4% de todos os novos casos. O câncer de mama feminino ficou em segundo lugar (2,3 milhões de casos; 11,6%), seguido pelo câncer colorretal (1,9 milhão de casos; 9,6%), câncer de próstata (1,5 milhão de casos; 7,3%) e câncer de estômago (970 mil casos; 4,9%).
O câncer de pulmão foi a principal causa de mortes por câncer (1,8 milhão de mortes, representando 18,7% de todas as mortes por câncer), seguido pelo câncer colorretal (900 mil mortes; 9,3%), câncer de fígado (760 mil mortes; 7,8%), câncer de mama (670 mil mortes; 6,9%) e câncer de estômago (660 mil mortes; 6,8%).
Em entrevista ao Terra Você, a médica pneumologista da Saúde no Lar, Michele Andreata, reforça que campanhas de conscientização sobre os riscos do tabaco e o controle rigoroso de substâncias tóxicas no ambiente de trabalho são cruciais para a prevenção.
Entre os principais fatores de risco para o câncer de pulmão incluem:
- Tabagismo;
- Exposição passiva à fumaça do cigarro;
- Exposição a substâncias como amianto, radônio, arsênico;
- Poluição do ar;
- Fatores genéticos.
Para reduzir a incidência da doença, a médica afirma que a cessação do tabagismo é a medida mais eficaz, seguida pela minimização da exposição a agentes carcinogênicos ambientais e ocupacionais.
“A detecção precoce é fundamental, pois aumenta significativamente as chances de cura e melhora o prognóstico, permitindo intervenções menos invasivas e mais eficazes”, diz a pneumologista.
No Brasil
No Brasil, os cânceres com maior taxa de letalidade são o câncer de mama, próstata, pulmão e o câncer colorretal. Esses tumores são também os tumores mais frequentes, com exceção dos cânceres de pele mais simples.
Em conversa com o Terra Você, o chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento (RS), Sergio Roithmann, conta que tumores diagnosticados precocemente têm uma taxa de mortalidade menor e alerta para sintomas de câncer que podem muitas vezes ser confundidos com doenças comuns.
“O que devemos observar são sintomas que não se resolvem sozinhos. Por exemplo, uma dor de cabeça é algo frequente, mas uma dor de cabeça que não passa é motivo de preocupação. Rouquidão é comum, mas se a pessoa ficar rouca por mais de uma ou duas semanas, é necessário se preocupar. Da mesma forma, tosse persistente, dores que surgem e não passam, alterações no hábito intestinal, manchas diferentes na pele e nódulos palpáveis são sinais importantes”, ressalta o médico.
Além disso, é necessário ficar atento a qualquer mudança ou algo fora do comum no organismo, especialmente o que não se resolve em pouco tempo, como alguns dias ou uma semana. Mudanças de apetite e emagrecimento repentino também são sinais que merecem atenção.
Embora não seja possível realizar diagnóstico precoce para todos os tipos de tumores, há alguns em que a detecção antecipada é viável. O câncer do colo do útero é um exemplo. O especialista conta que ao ir ao médico anualmente, as mulheres tendem a reduzir drasticamente as chances de ter uma neoplasia letal do colo do útero e a mesma situação se aplica na mama.
Fumantes que possuem risco aumentado de câncer de pulmão também podem realizar uma tomografia de rastreamento de câncer de pulmão. Consultas anuais com urologista também podem colaborar para um diagnóstico mais precoce e tratamento efetivo.
“Também recomendamos a avaliação dermatológica para a pele, especialmente com pessoas com maior tendência de desenvolver câncer, que têm pele muito clara ou que se expõem muito e com frequência ao sol”, indica.