Um estudo recente publicado na revista científica JAMA Neurology revelou que os cérebros humanos estão aumentando de tamanho ao longo do tempo, um desenvolvimento que está relacionado com uma maior reserva cognitiva, potencialmente reduzindo o risco de demências relacionadas à idade.
Um estudo recente publicado na revista científica JAMA Neurology revelou que os cérebros humanos estão aumentando de tamanho ao longo do tempo. Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, descobriram que pessoas nascidas em 1970 têm cérebros cerca de 15% maiores em área de superfície e 6,6% maiores em volume do que aqueles nascidos em 1930, conforme análises de ressonância magnética.
Essa mudança pode estar associada a uma maior reserva cognitiva, potencialmente reduzindo o risco de demências relacionadas à idade, como a doença de Alzheimer. Embora o número de casos de demência esteja crescendo globalmente, a incidência do Alzheimer está diminuindo desde os anos 1970, o que pode ser explicado pelo desenvolvimento cerebral melhorado ao longo das décadas.
O estudo foi realizado com participantes do Framingham Heart Study nascidos entre as décadas de 1930 e 1970, revelando aumentos graduais e consistentes em várias estruturas cerebrais ao longo do tempo. As razões para esse crescimento incluem influências ambientais, além de fatores genéticos.
Em entrevista ao Terra, o neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, explica que os resultados do estudo podem indicar que esse aumento de tamanho pode ser visto como um indicativo de uma melhor saúde cerebral a longo prazo.
“Mas essa relação entre o tamanho do cérebro humano e a saúde cerebral é um tópico complexo que envolve várias nuances e fatores, incluindo genética, ambiente e evolução”, diz o especialista.
Além disso, a saúde e eficiência cerebral também dependem da densidade de conexões neurais, da organização do cérebro e de outros fatores funcionais, não apenas do seu tamanho.
Quanto aos impactos positivos ou negativos na função cerebral associados à cérebros maiores, o neurocirurgião destaca os seguinte tópicos:
Impactos positivos
De acordo com o profissional, em alguns contextos, um maior volume cerebral, especialmente em áreas específicas relacionadas à memória, raciocínio e planejamento, pode estar associado ao melhor desempenho nessas funções cognitivas.
O estudo que está sendo analisado sugere também uma potencial diminuição no risco de demências, incluindo Alzheimer, possivelmente devido a uma estrutura cerebral mais robusta e maior capacidade de compensação diante de perdas neuronais.
Impactos negativos
Mendes explica que há condições patológicas em que o aumento do volume cerebral não é benéfico, como em casos de hidrocefalia, onde o aumento da pressão intracraniana pode levar a danos cerebrais graves.
Além do que foi destacado pelo estudo, o médico salienta que é fundamental considerar a importância da plasticidade cerebral e da saúde mental. O tamanho do cérebro é apenas um dos muitos fatores que contribuem para a saúde cerebral.
“Aspectos como a qualidade das conexões neurais, a capacidade de adaptação do cérebro a novos aprendizados e desafios e o bem-estar emocional e mental são igualmente cruciais para uma vida saudável e plena”, conclui.