Cientistas descobrem alternativa natural ao Ozempic para diminuir a vontade por doces

Pesquisadores exploram o papel do microbioma intestinal na regulação do açúcar no sangue e dos desejos alimentares.

21 jan 2025 - 10h28
(atualizado às 10h30)
Medicamentos para diabetes têm sido importantes no tratamento da obesidade
Medicamentos para diabetes têm sido importantes no tratamento da obesidade
Foto: Freepik / Revista Malu

Pesquisadores da Universidade Jiangnan, na China, identificaram uma possível alternativa natural ao medicamento Ozempic, amplamente utilizado para o controle da diabetes tipo 2. A solução, que envolve a modulação do microbioma intestinal, foi detalhada em um estudo publicado na revista Nature Microbiology e mostrou resultados promissores em testes com camundongos.

Como a flora intestinal pode ajudar no controle da diabetes

O estudo analisou a relação entre o microbioma intestinal e os compostos produzidos durante a digestão, conhecidos como metabólitos. Entre as descobertas, os cientistas observaram que a bactéria Bacteroides vulgatus, presente no intestino, desempenha um papel crucial na secreção do hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1). Esse hormônio regula os níveis de açúcar no sangue e promove a sensação de saciedade.

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Medicamentos como o Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, simulam a ação do GLP-1 no organismo, auxiliando no controle glicêmico e na redução do apetite. No entanto, muitas pessoas com diabetes tipo 2 apresentam dificuldades naturais na produção do GLP-1, o que torna os medicamentos indispensáveis. A pesquisa chinesa, no entanto, propõe uma abordagem que estimula o corpo a produzir o hormônio de forma natural, por meio da manipulação da flora intestinal.

Desejo por doces e seu impacto na diabetes

Outro ponto levantado pelo estudo foi a relação entre a flora intestinal e os desejos alimentares, especialmente por doces. Os pesquisadores descobriram que a presença de Bacteroides vulgatus no intestino influencia a liberação do hormônio FGF21, associado à redução dos desejos por açúcar.

Em testes, a manipulação da proteína intestinal Ffar4 em camundongos levou a uma diminuição das colônias de B. vulgatus, o que reduziu a produção de FGF21 e aumentou a preferência por alimentos açucarados. Análises de sangue realizadas em 60 pessoas com diabetes tipo 2 e 24 indivíduos saudáveis reforçaram a ligação entre a baixa produção do FGF21 e o maior consumo de doces, indicando um possível fator no desenvolvimento da doença.

Uma alternativa promissora, mas ainda em testes iniciais

Nos experimentos, o tratamento dos camundongos com um metabólito produzido pela B. vulgatus resultou no aumento da secreção de GLP-1 e FGF21, proporcionando maior controle glicêmico e redução do desejo por açúcar. Apesar de os resultados serem promissores, os pesquisadores alertam que ainda não se sabe se o efeito será o mesmo em humanos.

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A descoberta abre novas perspectivas para estratégias naturais de prevenção e controle da diabetes, utilizando o potencial do microbioma intestinal para modular hormônios-chave no metabolismo. Segundo os autores do estudo, a abordagem pode representar um avanço significativo na busca por alternativas menos invasivas e mais acessíveis ao tratamento da diabetes tipo 2.

Cuidados e próximos passos

Embora o estudo sugira que a modulação da flora intestinal seja uma ferramenta promissora no combate à diabetes, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos para confirmar os efeitos em humanos. A descoberta, no entanto, lança luz sobre a importância do microbioma intestinal na regulação do metabolismo e reforça o papel da ciência na busca por soluções inovadoras para problemas de saúde globais.

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