Cirurgia para endometriose devolve qualidade de vida a mulheres

Doença atinge até 15% das mulheres em idade reprodutiva e é uma das principais causas de infertilidade feminina

2 jun 2024 - 06h25
Resumo
Laura Aguiar, de 37 anos, descobriu que estava com endometriose, condição em que o tecido que reveste a camada interna do útero cresce fora do útero e que afeta 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Ela passou por cirurgia e tem agora acompanhamento semestral com especialista para verificar a eficácia do procedimento.
Cerca de oito milhões de brasileiras têm endometriose
Cerca de oito milhões de brasileiras têm endometriose
Foto: Envato

Laura Aguiar, de 37 anos, sempre teve cólicas menstruais. Ela considerava esse desconforto algo comum, pois mantinha um acompanhamento regular com ginecologista e realizava exames de rotina. Entretanto, aproximadamente há 2 anos, Laura começou a sentir dores intensas e persistentes, suspeitando de que algo mais sério estava acontecendo. Em busca de respostas, procurou atendimento especializado e recebeu o diagnóstico de endometriose.

Há cerca de um ano, ela passou por uma cirurgia para tratar a condição. “A principal mudança foi a ausência da dor. Eu passava quase todos os meus dias com dores, e ficar livre delas é realmente um alívio”, afirma Laura. 

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Após o procedimento, ela passou a ter acompanhamento semestral com especialista para verificar a eficácia da cirurgia. Como os resultados foram satisfatórios, agora ela mantém consultas de rotina anuais.

Laura faz um alerta sobre o assunto: “Os ginecologistas deveriam solicitar esse tipo de exame como obrigatório para as mulheres, porque descobrir em casos extremos, quando há dores intensas, problemas de infertilidade e a necessidade de cirurgia, causa muito sofrimento. Eu me senti muito frustrada por sempre manter meus exames ginecológicos em dia e não ter recebido o diagnóstico antes”, desabafa. 

Dores e afastamento

A endometriose é uma condição em que o tecido que normalmente reveste a camada interna do útero (endométrio) cresce fora do útero, em locais onde não deveria estar. Esse tecido pode se desenvolver na cavidade abdominal, nos ovários e em órgãos internos, como o intestino e a bexiga.

Estima-se que entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva sejam afetadas por essa condição. No Brasil, isso representa cerca de 8 milhões de mulheres. Em 2022, após a revelação de que a cantora Anitta tem endometriose, o assunto ganhou mais visibilidade e fez muitas mulheres começarem a questionar se poderiam estar sofrendo do mesmo problema. 

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A endometriose é a principal causa de infertilidade feminina e uma das razões mais comuns para a ausência de mulheres no trabalho, devido à dor pélvica incapacitante. 

Cirurgia minimamente invasiva

A doença não tem cura, mas pode ser tratada. O método mais eficaz é a cirurgia de excisão, que consiste na remoção de todo tecido inflamado da pelve, sendo considerada de média a alta complexidade. Embora o procedimento não seja capaz de curar completamente, ele reduz significativamente a necessidade de novas intervenções, que ocorrem em menos de 10% dos casos. 

A ginecologista Renata Mieko Hayashi, coordenadora da área de Saúde da Mulher do Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), explica que o procedimento pode demandar uma equipe multidisciplinar. 

“A cirurgia indicada é a técnica minimamente invasiva – videolaparoscopia ou cirurgia robótica. O médico cirurgião mais indicado é o ginecologista treinado para o tratamento da endometriose. A equipe é composta por especialistas em outras áreas – coloproctologista, urologista, cirurgião torácico, por vezes. Mas, por ser uma patologia ginecológica, ela deve ser coordenada pelo ginecologista”, afirma ela.

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Em alguns casos, especialistas optam pela administração de anticoncepcionais hormonais ou progesterona. Por serem antagonistas do estrogênio, que é o hormônio responsável pelo crescimento do endométrio, eles podem frear a condição. No entanto, os medicamentos apenas controlam os sintomas, mas não conseguem tratar a doença. 

Sintomas e diagnóstico

Alguns sintomas são comuns em pacientes com essa condição. A dor pélvica severa e incapacitante é um importante sinal de alerta. Além disso, cólicas menstruais intensas e dor durante a relação sexual não são normais e também podem indicar endometriose. Há sintomas que incluem dor, diarreia ou outros problemas para evacuar durante a menstruação, bem como infertilidade.

A doença pode ser diagnosticada já na adolescência, por isso é preciso que pais e responsáveis estejam atentos e saibam orientar as adolescentes. É recomendável levá-las ao ginecologista logo após a menarca, ou seja, a primeira menstruação. 

O diagnóstico da endometriose é clínico, baseado nos relatos da paciente e em exames físicos realizados pelo médico. Consultas regulares com o ginecologista podem ajudar a identificar sinais da condição. O exame de imagem, no entanto, é um grande avanço para um diagnóstico preciso e completo. 

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“Tivemos uma evolução significativa com os exames de imagem. Hoje o Brasil é uma das referências mundiais no tratamento da endometriose”, explica Renata Hayashi. “O ultrassom transvaginal, por exemplo, é um exame relativamente simples que nos permite mapear a endometriose. Embora a paciente precise de preparo intestinal, com o uso de laxante, o exame é tranquilo.” 

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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