SÃO PAULO - Para Luciano Cesar Azevedo, superintendente de pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, a decisão de Ministério da Saúde de adotar o tratamento com cloroquina para pacientes ambulatoriais do novo coronavírus é "preocupante". Ele coordena ao menos três estudos sobre a eficácia dos medicamentos com cloroquina em pacientes com a covid-19, e afirma que não há evidência científica comprovada do medicamento contra a doença. Por outro lado, há efeitos colaterais da droga que precisam ser acompanhados por equipes médicas em ambiente controlado.
Neste caso, a orientação tem sido de administrar a droga somente com a concordância do paciente, porém, sempre em ambiente hospitalar. "Quando está hospitalizada, em caso da ocorrência de efeito colaterais, há como socorrer o paciente", argumentou Azevedo.
De acordo com o médico, o Hospital Sírio Libanês é um hospital que tem um corpo clínico aberto e quando um paciente é internado, o médico tem liberdade para acertar com seu paciente qual o tratamento a ser seguido. Azevedo afirmou que "o hospital não tem recomendação sobre conduta universal de tratamentos". A decisão sobre o uso do medicamento depende da conversa entre o médico e o paciente, reforçou o superintendente de pesquisas do Sírio.
"É como uma conduta normal entre o profissional e o paciente", afirmou. O que muda, segundo o médico, "é que o paciente tem de assinar um termo de autorização do uso da cloroquina".
Ele insistiu que o médico deve esclarecer para o paciente que "não há evidência científica de resultados da cloroquina para a covid-19". O superintendente de pesquisas do Sírio salientou que o médico tem de esclarecer também ao paciente os efeitos colaterais do medicamento e pedir a concordância dele para a administrar a droga. "Mas o paciente tem de concordar", reforçou.
Azevedo esclareceu ainda que o hospital Sírio-Libanês, que faz parte da Coalizão Covid, que reúne vários hospitais e entidades, tem três pesquisas em andamento sobre o uso da cloroquina com pacientes da covid. "Duas pesquisas com hidroxicloroquina com azitromicina já estão em andamento com pacientes internados e devem durar 15 dias, com resultados dentro de 20 a 25 dias".
Há ainda uma outra pesquisa com pacientes de ambulatório, sem a azitromicina, em fase mais inicial, segundo o médico. As pesquisas no hospital envolvem hoje cerca de 1.100 pacientes.