O Brasil registrou no final de abril o primeiro caso autóctone (significa que não foi um caso importado, ou seja, foi contraído na sua zona de residência) de cólera em dezoito anos. O ressurgimento da doença no país descreve uma tendência que vem sendo vista no mundo: os casos de cólera estão aumentando. E o número de vacinas à disposição está cada vez mais preocupante.
O Grupo de Coordenação Internacional para o Fornecimento de Vacinas da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que governos, doadores, fabricantes de vacinas, parceiros e comunidades se unam em um "esforço urgente para travar e inverter o aumento da cólera".
Em um documento, a OMS detalha uma "grave lacuna no número de doses de vacinas disponíveis", em comparação com o nível de necessidade atual. "Entre 2021 e 2023, foram solicitadas mais doses para resposta a surtos do que em toda a década passada".
A expectativa da OMS é que a produção global de vacinas contra a cólera em 2024 seja de 37 a 50 milhões de doses, o que "deve continuar a ser inadequado para servir as necessidades de milhões de pessoas diretamente afetadas pela cólera"
De acordo com a OMS, os piores quadros de infecção por cólera estão nos seguintes países: Moçambique, Zâmbia, Sudão, República Democrática do Congo, Etiópia, Síria, Somália, Haiti e Zimbabwe. "Uma ação imediata é necessária para conter um aumento plurianual sem precedentes de casos de cólera em todo o mundo", diz o comunicado.
Segundo uma reportagem do jornal VOX, um fabricante indiano de medicamentos que produzia cerca de 15% do abastecimento mundial de vacinas contra a cólera, deixou de fabricar o imunizante e atualmente existe apenas um laboratório que fabrica a vacina.
A OMS pediu prioridade no aumento "urgente" dos imunizantes a preços acessíveis. "Apelamos aos fabricantes de vacinas, aos governos, aos doadores e aos parceiros para que priorizem um aumento urgente da produção de vacinas e para que invistam em todos os esforços necessários para prevenir e controlar a cólera".
Sobre a cólera
A cólera se desenvolve principalmente em locais onde a água está contaminada, o saneamento costuma ser precário e as pessoas vivem em condições de superlotação. A doença geralmente se espalha quando alguém contamina uma fonte de água ao defecar nela ou perto dela.
De acordo com o Ministério da Saúde,os principais sintomas da cólera são diarreia aquosa e profunda, com ou sem vômitos, dor abdominal e cãibras.