Thales Marques, de 29 anos, tomou um susto quando descobriu que sofria de meningite bacteriana em julho de 2019. O jovem, que nasceu em Brasília e atualmente vive na cidade de São Paulo, estava em viagem com os amigos quando começou a sentir fortes dores de cabeça, náuseas, febre e diarreia. Achando que poderia ser uma gripe ou outra doença mais comum, o publicitário não se preocupou até que a situação permaneceu por 12 horas.
"A gente estava no Guarujá [litoral de SP] quando comecei a sentir os sintomas. Voltei para São Paulo no dia 1º de julho. Quando cheguei no hospital já estava com bastante confusão mental, sem conseguir reconhecer muita coisa e com muita dor de cabeça", relembra Marques. No consultório, o médico fez um teste e viu que meu pescoço estava enrijecido. Saiu do consultório e voltou com máscaras, para todos usarem e disse que eu estava com suspeita de meningite, uma doença auto infecciosa."
Colocado em isolamento, foi comprovado a existência da doença através da coleta do líquido cefalorraquidiano, também conhecido líquor ou fluido cérebro espinhal. Logo em seguida, ele entrou em coma. Desacreditados de que Thales fosse sobreviver, os médicos pediram para que seus pais fossem chamados. Ao chegarem no hospital, eles receberam a notícia que as chances de sobrevivência eram muito pequenas.
Porém depois de 9 dias, o publicitário acordou sem nenhuma sequela. “Quando acordei estava um pouco confuso. Tinha perdido 15 quilos, por isso precisei fazer terapia para voltar a andar. Durante o período que fiquei no hospital fiz acompanhamento com quatro antibióticos diferentes, além de outras medicações."
Ao receber alta, o jovem ainda precisou ficar 15 dias afastado do trabalho para se recuperar 100%.
Pós meningite bacteriana
Os médicos que atenderam Thales, consideram o caso dele um verdadeiro milagre. Por que além de ter sobrevivido, ele também não teve nenhuma sequela. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada 10 pessoas infectadas pela meningite bacteriana morre. E um a cada cinco pacientes tem sequelas de longa duração, como convulsões, perda de audição e visão, danos neurológicos e deficiência cognitiva. A doença é responsável por cerca de 250 mil mortes por ano.
Os especialistas que atenderam o jovem disseram que a doença demora de três a sete dias para se manifestar. Por isso, além dos dois amigos que viajaram com ele, todas as mais de 80 pessoas que estiveram próximas na última semana antes da descoberta, precisaram tomar uma medicação de dose única para prevenção. Ninguém manifestou sintomas da doença.
Como ele estava com a imunidade baixa pode ter adquirido a meningite, tanto no transporte público como no festival de música que tinha participado recentemente.
Depois da doença, Thales mudou de vida. Passou a se alimentar melhor, ir com frequência à academia e praticar esportes. Hoje, ele se sente grato pela nova chance que recebeu, reclama menos e faz check-up com mais frequência.
Entenda a doença
De acordo com informações do Ministério da Saúde, a meningite é considerada uma doença endêmica e pode ser transmitida por bactérias, fungos, vírus e parasitas. São esperados casos da doença ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais.
Geralmente a transmissão ocorre de pessoa para pessoa, através de gotículas e secreções do nariz e da garganta. Mas existem situações onde a transmissão é fecal-oral, isto é, através da ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes.
A incidência dos casos de meningite bacteriana é mais frequente entre outono e inverno. Já os tipos virais da meningite aparecem mais durante a primavera e o verão. O sexo masculino é o mais acometido pela doença.
Entre os principais sintomas estão:
- Mal-estar
- Náusea
- Vômito
- Fotofobia (aumento da sensibilidade à luz)
- Status mental alterado (confusão)
Com o passar do tempo, podem surgir outros sintomas mais graves como: convulsões, delírio, tremores e coma.
A meningite bacteriana é tratada com antibioticoterapia em ambiente hospitalar e outras drogas prescritas pelos médicos responsáveis pelo caso.
Já as vacinas e quimioprofilaxia são usadas para prevenir o aparecimento da doença, que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. No Sistema Único de Saúde (SUS) existem cinco vacinas disponíveis que previnem as principais causas de meningite bacteriana. Entre elas, as vacinas meningocócica C, pneumocócica 10-valente e pentavalente.