O Dia Nacional de Combate ao Fumo (29/08) surgiu em 1986, sob criação do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O objetivo da data é reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabagismo.
"Os efeitos do tabagismo vão muito além do que é possível perceber", alerta o médico cardiologista Dr. Rizzieri Gomes. "Costuma-se focar mais nos danos físicos, mas existem danos familiares, emocionais e uma série de outros. Isso porque a nicotina é uma das drogas que mais causa dependência no mundo. Neste dia, quem puder levar informação a um amigo, um parente ou mesmo um conhecido, pode estar ajudando esse fumante", afirma.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto deste produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
O tabagismo afeta diretamente a coluna
Entre os milhares de malefícios que o cigarro pode trazer, um dos prejuízos pode atingir a coluna. "O tabagismo a médio e longo prazo, induz um enfraquecimento do osso, o que chamamos de osteoporose. Isso por si só, torna a coluna mais vulnerável à fraturas. Além disso, várias outras substâncias promovem lesões diretas aos elementos de sustentação, aos ligamentos, dos tendões e ao disco intervertebral", alerta o Dr. Guilherme Rossoni, neurocirurgião e especialista no tratamento de doenças da coluna e dor crônica.
Além disso, o tabagismo também promove o fechamento dos vasos, causando microtromboses. Segundo o médico, a condição é chamada de vasculopatia, em que pequenos vasinhos que vão irrigar essas estruturas, que acabam sendo danificadas. "Como consequência, dificulta a cicatrização, retarda o processo de regeneração e a chegada de nutrientes para que a articulação se torne mais sadia ou consiga manter a saúde ao longo dos anos", explica.
Fumar também pode causar câncer de bexiga
O câncer de bexiga é o segundo tipo de câncer mais frequente do trato do urinário. Ele pode ser consquência de fatores como idade e raça e exposição a diversos compostos químicos. No entanto, seu principal fator de risco é o tabagismo. Segundo o Inca, o hábito de fumar triplica as chances de desenvolver a doença, e está presente em cerca de 35% a 50% dos pacientes com a neoplasia.
Isso ocorre porque, depois que a fumaça entra pela boca junto com suas cerca de 70 substâncias carcinogênicas, ela é absorvida pelos pulmões. Em seguida, cai na circulação sanguínea. Como o sangue é filtrado pelos rins, os compostos químicos acabam indo para a urina. Já que o líquido fica na bexiga até o corpo eliminá-lo, suas paredes permanecem em contato com esses elementos por bastante tempo, favorecendo a doença.
"Mas, é importante esclarecer que a ocorrência desse tipo de tumor, que é duas vezes mais comum em pessoas da raça branca do que da negra, tem causa qualitativa e não quantitativa. Ou seja, não é relevante apenas o hábito em si ou o número de cigarros, mas o indivíduo precisa ter uma predisposição para desenvolver a doença", diz o urologista Fernando Franco Leão, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Outros impactos do tabagismo na saúde
Além de problemas na coluna e do favorecimento para o câncer de bexiga, o tabagismo também pode facilitar o surgimento de uma série de outras enfermidades. Conforme a Dra. Luciana Defendi Navarrete, médica de Saúde da Família responsável pelo Grupo de Tabagismo da UBS Jardim São Bento, o vício está relacionado ao desenvolvimento de aproximadamente 50 patologias.
"Fumar diminui consideravelmente a expectativa de vida de uma pessoa. Isso porque o cigarro possui substâncias que reduzem a quantidade de captação de oxigênio no organismo", alerta. A especialista explica ainda que o tabaco aumenta os riscos de infarto e doenças cardiovasculares, pois propicia a formação de ateromas. Isto é, placas compostas por lipídeos e tecido fibroso nas artérias.
Além disso, o cigarro também é uma importante influência para o surgimento da maioria dos cânceres e doenças pulmonares. É o caso, por exemplo, da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e o enfisema pulmonar. A médica cita ainda a halitose, ou mau hálito, que pode ser agravada pelo hábito de fumar, causando situações desconfortáveis e constrangedoras.