Como evitar a inflamação e proteger seu intestino do câncer?

Estudo aponta associação entre a doença e um estado de inflamação crônica

19 dez 2024 - 10h00
(atualizado às 10h53)
Salmão, oleaginosas e frutas ricas em antioxidantes atuam como anti-inflamatórios naturais
Salmão, oleaginosas e frutas ricas em antioxidantes atuam como anti-inflamatórios naturais
Foto: iStock / Jairo Bouer

A inflamação crônica tem sido acusada de ser a causa de muitas doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes, condições pulmonares crônicas, câncer, doenças autoimunes e artrite. Além disso, está associada ao declínio cognitivo e à constipação — e pode até acelerar o envelhecimento.

Diversos fatores podem causar inflamação crônica, incluindo o consumo excessivo de álcool, fatores ambientais, dieta de baixa qualidade, estresse e sono insuficiente ou de má qualidade. A inflamação também pode afetar o microbioma intestinal, perturbando o equilíbrio delicado entre bactérias benéficas e prejudiciais.

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Inflamação e câncer de cólon

Sabemos que há uma conexão entre a inflamação e o câncer, bem como entre a inflamação e a saúde intestinal. Mas como isso se relaciona especificamente com o câncer de cólon? Afinal, o câncer colorretal é o quarto tipo mais comum de câncer no Brasil.

Pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida e do Instituto de Câncer do Hospital Geral de Tampa, nos EUA, também quiseram explorar essa questão e analisaram microscopicamente os tumores de câncer de cólon. Aqui estão as descobertas de seu estudo, publicado recentemente na revista Gut.

Usando microscópios, os pesquisadores examinaram 40 tumores de pacientes com câncer de cólon e os compararam a 40 amostras de tecido normal usadas como controle. O objetivo era verificar sinais de inflamação nos tumores em comparação com o tecido não canceroso do cólon.

Gordura inflamatória

Os pesquisadores realizaram uma análise de lipídios, que incluem diversos tipos de ácidos graxos, como óleos naturais, ceras e esteroides. Eles podem ser benéficos, como os presentes em gorduras saudáveis (azeite de oliva e ômega-3), ou prejudiciais, como o excesso de ácidos graxos ômega-6 provenientes de óleos vegetais em alimentos ultraprocessados. Esses últimos tendem a ser inflamatórios.

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Idealmente, nosso corpo mantém um equilíbrio entre lipídios inflamatórios, que agem quando estamos lesionados, e lipídios anti-inflamatórios, que ajudam a resolver a inflamação e promovem a cura. Os pesquisadores descobriram um desequilíbrio significativo entre esses tipos de lipídios nos tumores de câncer de cólon.

"Descobrimos que as amostras de tumores de câncer colorretal têm uma elevação significativa de mediadores lipídicos pró-inflamatórios e poucos, ou nenhum, mediadores lipídicos pró-resolução," explica Timothy Yeatman, um dos principais autores do estudo.

"Isso significa que os tumores de câncer colorretal estão cronicamente inflamados e que o microambiente ao redor das células tumorais provavelmente está imunossuprimido, permitindo que elas cresçam e progridam."

Como "ferida que não cicatriza"

Yeatman cita o médico alemão Rudolf Virchow, que há mais de um século sugeriu que o câncer é como uma ferida cronicamente inflamada que não cicatriza.

"A inflamação provavelmente decorre de um excesso de lipídios ômega-6 em relação aos ômega-3 em nossas dietas, resultado de abordagens modernas de produção de alimentos," afirma Yeatman.

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"Chamamos isso de alimentos ultraprocessados, ricos em óleos vegetais como o óleo de soja. Embora os ácidos graxos ômega-6 sejam considerados essenciais, seu excesso na dieta pode levar a um estado inflamatório crônico. O resultado final é que o câncer colorretal se assemelha a uma ferida que não cicatriza."

Como evitar a inflamação intestinal?

Um estudo anterior sugere que óleos vegetais ricos em ômega-6 não causam inflamação no nível que muitos acreditam — e podem até reduzi-la. Ainda assim, o estudo atual aponta para o contrário. Então, o que está acontecendo?

A nutricionista Emily Lachtrupp explica: "Quando se trata de ácidos graxos ômega-6, é importante considerar a fonte. O problema não é necessariamente com os ácidos graxos ômega-6 em si, mas que a maioria de nós os consome em grandes quantidades a partir de alimentos ultraprocessados, que frequentemente são menos nutritivos e podem aumentar a inflamação. Amêndoas e sementes de abóbora, por exemplo, são fontes ricas em nutrientes de ômega-6 que podem fazer parte de uma rotina saudável. Além disso, o equilíbrio é crucial. A maioria de nós consome ômega-6 em excesso e ômega-3 insuficientemente. Reduzir o consumo de alimentos processados e priorizar alimentos ricos em ômega-3, como salmão e atum, pode ajudar."

Yeatman também sugere o desafio de comer da forma mais natural possível. "Esses 'outros ingredientes' em alimentos ultraprocessados geralmente incluem conservantes, corantes e aditivos de sabor. Ainda não entendemos completamente o impacto deles no microbioma intestinal, que pode regular diretamente os lipídios e a imunidade no intestino."

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Além disso, existem alimentos anti-inflamatórios que podem ser incorporados ao seu prato diariamente. Seja adicionando salmão no jantar, abacate no café da manhã ou um punhado de oleaginosas como lanche, optar por alimentos ricos em gorduras saudáveis (ômega-3) ou com alto teor de antioxidantes ajuda a criar refeições equilibradas e coloridas durante a semana — o que é sempre um ganho para sua saúde.

Fonte: EatingWell

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