Criado em 1986 pelo artista plástico Darlan Rosa para a campanha de vacinação contra o vírus da poliomielite, o personagem Zé Gotinha conquistou o coração dos brasileiros e se tornou o maior ícone de vacinação infantil do país.
Promovido pelo Ministério da Saúde, o objetivo principal do personagem era tornar as campanhas de vacinação mais atraentes para as crianças. O nome foi escolhido nacionalmente através de um concurso feito pela pasta com estudantes de todo o Brasil.
Nesta segunda-feira (4), o Brasil encerrou a aplicação da tradicional Vacina Oral Poliomielite (VOP) contra a poliomielite, dando fim a gotinha que representava a imunização. No entanto, o Ministério fez questão de ressaltar que a figura do Zé Gotinha continuará sendo parte essencial das campanhas de vacinação.
O esquema vacinal anterior contemplava a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da VOP, a ‘gotinha’, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
A partir de agora, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses, Desta forma o esquema vacinal passa a ser:
- 2 meses – 1ª dose;
- 4 meses – 2ª dose;
- 6 meses – 3ª dose;
- 15 meses – dose de reforço.
Por que existem vacinas orais?
De acordo com a Fiocruz, a principal diferença entre as vacinas orais e as injetáveis é a forma de contágio da doença a ser combatida. Enfermidades que são contraídas pela ingestão de água ou de qualquer alimento contaminado podem ser prevenidas com a vacina oral.
“Dessa forma, as gotinhas fazem o mesmo trajeto do vírus. As vacinas em gotas vão estimular o organismo a produzir anticorpos, oferecendo mais proteção às áreas mais sensíveis, como a boca, o estômago e o intestino”, diz a instituição.
A vacina oral é feita com vírus atenuado, ou seja, o agente infeccioso é processado em laboratório e perde o seu poder. Quando colocado no corpo, ele se reproduz e provoca a resposta de defesa do organismo, da mesma forma que o vírus causaria a doença.
Quais vacinas ainda são orais?
Apesar da mudança implementada pelo Ministério da Saúde para a vacinação da pólio, outras vacinas infantis ainda são administradas de forma oral no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O esquema de vacinação do Rotavírus, uma das mais importantes causas de diarreia grave em crianças menores de cinco anos no mundo, é realizado em duas doses exclusivamente por via oral, sendo a primeira aos 2 meses e a segunda aos 4 meses de idade com intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
As vacinas disponíveis contra a Cólera, doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, também devem ser administradas por via oral e podem ser tomadas por crianças a partir de 2 anos de idade e adultos.
O Ministério ressalta que atualmente a vacinação é indicada apenas para populações de áreas com cólera endêmica, populações em situação de crise humanitária com alto risco para cólera ou durante surtos de cólera, sempre em conjunto com outras estratégias de prevenção e controle.
Outra doença que é prevenida “em gotinhas” é a Febre Tifoide. Crianças a partir de 2 anos de idade, adolescentes e adultos podem tomar. No entanto, a vacina atualmente disponível não possui um alto poder imunogênico e a imunidade é de curta duração, sendo indicada apenas em situações específicas, como para recrutas em missão em países endêmicos ou pessoas sujeitas a exposições excepcionais, como trabalhadores que entram em contato com esgotos, ou pessoas que vivem em áreas de alta endemicidade.