O professor e pesquisador Amilcar Tanuri, do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teve o computador portátil furtado na última sexta-feira (20) no estacionamento do Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro. O furto ocorreu enquanto o professor conversava ao celular. O laptop continha informações e dados de uma pesquisa inédita sobre o zika vírus.
“Eu estava saindo do Santos Dumont com uma mala de rodinha, que eu tinha o meu computador e atendi um telefone, já estava na parte externa do aeroporto. Em um segundo, o pessoal passou por trás de mim, levou a minha malinha e foi embora. Eu nem vi. Uma senhora que estava perto disse que foram dois mal encarados que pegaram a minha mala, entraram em um carro e eu não vi nada”, disse à Agência Brasil.
Tanuri disse que o local tem pouca iluminação e segurança. “Ali é uma escuridão e ninguém vê nada. Como é que não tem uma luz ali? Não tinha ninguém da polícia, nem lugar para dar parte e fazer um B.O. [boletim de ocorrência]. Tive que ir na delegacia do Leblon. Ali é uma zona franca de assaltantes”, afirmou. O pesquisador tentou atendimento com a Infraero, que administra o aeroporto. “Eu conversei com a coordenadora da Infraero para a área de segurança e ela falou que nem as câmeras funcionam, porque é muito escuro“, relatou.
Com o furto, Tanuri contou ter perdido dados de pacientes, como fotos de crianças com microcefalia e exames médicos, e parte de um artigo científico que estava sendo escrito. O pesquisador disse que o trabalho sofrerá atraso de, pelo menos, uma semana. “O mais grave são os dados dos pacientes que estão no meu computador. Uma coisa confidencial está na mão de qualquer um. Um dos experimentos eu vou ter que repetir, com isso perdi, pelo menos, uma semana de trabalho e o meu tempo de recuperar tudo”, disse.
Tanuri estuda o uso da droga Clorofina para inibir o vírus Zika. “É uma droga que pode ser usada. É um caminho até para a terapia do vírus. Isso atrasou o meu trabalho. Os americanos também estão na mesma pista nossa, só que eles têm uma velocidade muito maior que a nossa. O atraso em ter perdido isso pode me custar o artigo na hora de publicar. Eles podem publicar antes da gente”, acrescentou.
Em nota, a UFRJ classificou o episódio como lamentável. “É triste dada a relevância do trabalho desenvolvido pelo professor e por seu laboratório na Rede Zika da UFRJ e também em parceria com outras instituições no país”. De acordo com a universidade, os conteúdos da pesquisa inédita que estão no computador, de caráter sigiloso, são protegidos por senha.
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que administra o Aeroporto Santos Dumont, confirmou o ocorrido e disse que, caso seja do interesse do pesquisador, as imagens das câmeras de segurança estão a disposição do professor para utilizá-las já que a empresa não tem poder de polícia. A Polícia Civil informou que investiga as circunstâncias do crime. A Polícia Militar disse que o Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur) e o 2º Batalhão fazem patrulhamento dinâmico no entorno do aeroporto.
* Colaborou Cristina Indio do Brasil