SÃO PAULO - Com a marca de 1,1 mil mortes nesta terça-feira (19), a pandemia do novo coronavírus se tornou a principal causa de mortes por dia no Brasil. A covid-19 superou a média de óbitos diários por câncer, que no ano passado matou mais de 230 mil pessoas no País, e por doenças isquêmicas do coração, grupo que inclui o infarto e mata mais de 100 mil brasileiros por ano.
Os números do Ministério da Saúde mostram que, em média, as doenças do aparelho circulatório causaram 987 mortes por dia no ano passado. Esse grupo de doenças inclui desde Acidentes Cerebrais Vasculares (AVCs) até infartos, uma das maiores causas para mortes no País, com mais de 94 mil vítimas por ano - ou 258 pessoas por dia.
Já o câncer matou em média 613 pessoas por dia no ano passado. As mortes diárias por coronavírus superaram esse patamar há 12 dias, quando os óbitos pela pandemia ultrapassaram a barreira dos 700 em um só dia, de acordo com os números divulgados pelo Ministério da Saúde.
O resultado chamou atenção do coordenador do centro de contingência para a covid-19 no Estado de São Paulo, Dimas Tadeus Covas, que comentou os números nesta quarta, 20, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.
"Mil mortes por dia é a maior causa, neste momento, de mortalidade no Brasil. Superou doenças cardíacas, superou câncer", disse Dimas. Ele ressaltou o ritmo acelerado das infecções por coronavírus no País. "O Brasil passou a Grã Bretanha para o terceiro lugar (em número de casos) e os dados de hoje já mostram que ele tem 21 mil casos a mais do que a Grã Bretanha."
Como mostrou o Estadão, o País já responde por um em cada sete novos casos de coronavírus no mundo. Isso ocorre quase três meses após a notificação do primeiro caso confirmado no Brasil. Até a noite de terça, eram 17.971 mortes confirmadas por covid-19.
No centro de contingência paulista, a principal medida contra o avanço da epidemia tem sido reforçar a necessidade de manter a população em casa. Após a cidade de São Paulo antecipar dois feriados municipais para esta semana, o governador de João Doria (PSDB) espera aprovar a mudança do feriado de 9 de Julho para a próxima segunda-feira (25) em um esforço para diminuir a circulação de pessoas no Estado. A Assembleia Legislativa deve votar a proposta nesta quinta (21)