Cremes para gordura localizada e celulite funcionam mesmo?

Ações terapêuticas desses dermocosméticos corporais carecem de comprovação científica

28 set 2023 - 06h00
Foto: Adobe Stock

Uma passadinha em farmácias e lojas de cosméticos é suficiente para dar de cara com uma série de produtos que se dizem especialistas em “queimar gordura localizada” ou “combater a celulite”. Os rótulos e ações de marketing prometem ações tão mirabolantes que às vezes até as tecnologias de última geração dos consultórios não conseguem entregar. Podemos confiar? 

“Nos produtos corporais, o que possui efeito comprovado na literatura científica é a hidratação. Nada mais do que isso. No caso, por exemplo, de cremes com aminoácidos que ajudariam contra flacidez e celulite, não existe comprovação de que esses produtos entrem na pele e desempenhem um efeito terapêutico”, explica o dermatologista Abdo Salomão Jr., membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

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“A eficácia de produtos tópicos para redução da gordura localizada é bastante questionável e não encontra respaldo na literatura médica na maioria dos casos. Hábitos de vida saudáveis – alimentação e atividade física – além de procedimentos minimamente invasivos cirúrgicos são as opções mais eficazes para este problema”, completa Renato Soriani, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Cremes anticeluite

No caso da celulite, as farmácias comercializam cremes anticelulites que contêm princípios ativos como cafeína, ginkgo biloba, chá verde entre outros. 

“Os cremes não são 100% efetivos no tratamento da celulite. Para tratá-la, precisamos atacar a ‘alteração genética’ responsável por 95% do aparecimento da celulite. Os fatores ambientais são responsáveis apenas por 5% de seu aparecimento. O creme pode ser utilizado juntamente com a massagem para aumentar a drenagem e circulação local”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff. 

“Além da melhora da hidratação da pele que ajuda na sua aparência, alguns poucos princípios ativos podem ter papel auxiliar no tratamento da celulite. No entanto, as expectativas devem ser realistas porque a celulite é caracterizada por problemas estruturais da pele”, completa Renato. 

“Existem aparelhos como radiofrequência ou ultrassom microfocado que para essa indicação clínica do tratamento da gordura localizada ou celulite são ótimos. Esses sim melhoram a flacidez, aumentam a tensão da pele, compactam a gordura e melhoram a silhueta corporal. Os cremes corporais quase não possuem comprovação científica”, sintetiza Abdo.

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Gordura localizada

Para o tratamento da gordura localizada, a técnica da criolipólise é a mais usada nos consultórios. Segundo a dermatologista Paola Pomerantzeff, o congelamento das células gordurosas, promove redução de medidas e melhora do contorno corporal. Os resultados, que costumam ser uma redução de até 25% da camada de gordura da região tratada, são alcançados em até dois meses. O CoolSculpting tem aplicadores desenhados para o corpo todo, como no caso do Cool Smooth. 

“Esse aplicador da criolipólise é desenhado para a região dos culotes, e se encaixa anatomicamente na área para reduzir a gordura localizada. A ponteira utiliza o sistema da criolipólise, com resfriamento de gordura com consequente morte celular, para que depois ela seja eliminada do corpo via sistema linfático. O tratamento resfria uniformemente, mesmo nessa região cheia de curvas. Além do design específico, o tratamento é diferenciado das outras áreas do corpo: ele funciona por contato, e não por sucção, sendo mais confortável. A duração de cada aplicação é de 45 minutos para cada lado”, afirma Paola.

Quando o foco é o tratamento de gordura localizada e estimular o crescimento dos músculos, a combinação de tecnologias pode ser efetiva. 

“Para exibir o abdômen tanquinho, é necessário diminuir gordura e flacidez da região ao mesmo tempo em que ocorre o estímulo muscular”, diz Abdo. 

Para isso, o protocolo pode combinar sessões do T Sculptor e do Atria. “Na primeira sessão, podemos realizar os dois tratamentos. O estímulo muscular utiliza da tecnologia HIFEM (High-Intensity Focused Electromagnetic), o que permite ao paciente fazer um treino muito mais forte e pesado do que ele conseguiria na academia. A tecnologia não invasiva, ao entrar em contato com a pele, gera um campo eletromagnético focado de alta intensidade capaz de estimular o músculo por meio de contrações contínuas e intensas, proporcionando assim hipertrofia muscular com consequente aumento do volume da musculatura”, explica a dermatologista Rossana Vasconcelos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

Em seguida, o ultrassom ultrafocado Atria pode agir na gordura localizada e na flacidez. “O ultrassom macrofocado aquece a gordura a 65ºC, promovendo sua degradação, o que diminui a quantidade de tecido adiposo no local tratado”, diz a Dra. Rossana. “Com o calor da tecnologia, aplicada em camadas mais superficiais da pele, causamos uma retração no tecido, atuando para melhorar a firmeza também”, diz Abdo.

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Atuação direta na celulite

Para atuar na celulite, o Dr. Renato Soriani argumenta que a combinação de procedimentos é o que traz resultados mais expressivos, e eles podem ser: cirúrgicos (subcisão por exemplo), injetáveis (bioestimuladores de colágeno por exemplo) e com tecnologias (Onda Coolwaves e Morpheus, por exemplo). 

“Isso permite uma melhora mais efetiva do problema. Morpheus é uma radiofrequência microagulhada de alta performance. Ela atua através do remodelamento do colágeno e da gordura, em todas as regiões do corpo. A sua aplicação multidimensional (MD Morpheus) é capaz de otimizar ainda mais os seus resultados. No procedimento, as microagulhas ‘furam’ o tecido superficial da pele e liberam radiofrequência nas camadas mais profundas, ajudando a reduzir gordura e estimular colágeno, dependendo da profundidade das microagulhas”, explica o médico.

Outra forma de enfrentar a celulite é por meio do ultrassom micro e macrofocado, segundo a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ela explica que o Ultraformer III gera ondas de calor que aquecem as camadas mais profundas da pele, assim criando pontos de coagulação que estimulam a neocolagênese. 

“O resultado é uma super produção dessas fibras, o que devolve sustentação, elasticidade e firmeza ao tecido, reduzindo a flacidez da pele e a celulite”, explica a médica. 

O procedimento pode ser combinado com bioestimuladores injetáveis. Quando há gordura localizada, a lipoaspiração também pode ser indicada. “A lipoaspiração pode ser feita com anestesia local e durar cerca de uma hora, mas a quantidade de anestésico total tem de ser respeitada, pois há um limite que quando ultrapassado pode causar até parada cardíaca. Já procedimentos que englobem um número maior de áreas, como uma lipoaspiração que inclua abdômen, costas e braços, podem demorar cerca de quatro horas e necessitam de anestesia geral ou peridural”, finaliza a médica. 

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Mas sempre procure um médico para indicação correta dos tratamentos.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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