Dança contribui para a longevidade e pode ser praticada mesmo após os 80 anos

Ana Botafogo vê mudanças na aceitação dos mais velhos nas academias e incentiva a prática: 'Quero inspirar'

13 jan 2025 - 14h41

A dança pode ser uma prazerosa aliada do envelhecimento saudável. A atividade beneficia as articulações, a frequência cardíaca, o cérebro e ainda favorece a socialização, aspecto fundamental da longevidade.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Leeds (Inglaterra) mostrou que a prática, além de contribuir para um melhor nível de atividade física, também gera bem-estar.

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O estudo, publicado em 2023 na revista científica BMC Geriatrics, avaliou 685 adultos e idosos que frequentaram aulas de dança semanalmente durante um ano e, após esse período, os participantes declararam se sentir mais fortes, confiantes e jovens.

"Me sinto bem depois (da aula), cansado, mas também um pouco revigorado, e ao mesmo tempo melhora o seu humor", avaliou um dos participantes da pesquisa, que contou com pessoas de 55 a mais de 85 anos.

"Nós mostramos que a dança ministrada em comunidades socialmente diversificadas é uma forma viável de tornar os idosos fisicamente ativos. Isso é evidente mesmo para os 'mais velhos', com mais de 85 anos", disse a pesquisadora Sarah Astill, líder do estudo, em nota divulgada pela universidade.

A geriatra Simone Lima explica que a dança é uma atividade física aeróbica. A principal característica desse tipo de exercício é aumentar a frequência cardíaca e respiratória, trabalhando a capacidade cardiorrespiratória dos praticantes. A médica cita ainda benefícios como a perda de peso e a tonificação muscular com a prática regular dos movimentos.

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Para começar a dançar, Lu escolheu fazer aulas de balé clássico e teve o incentivo de um dos nomes mais conhecidos da dança no Brasil: a bailarina Ana Botafogo, com quem tem uma relação de parentesco. "Ela foi a primeira pessoa a me encorajar. Eu pensei: 'Bom, se Ana Botafogo disse que eu posso fazer, então eu realmente posso fazer'".

Após seis meses fazendo aulas de balé duas vezes por semana, Lu começou a sentir os resultados. "Pelo fato de sempre ter sido sedentária, eu não conseguia, por exemplo, me abaixar para pegar qualquer coisa no chão sem me apoiar. Hoje eu consigo me abaixar, tenho muito mais mobilidade e muito mais força".

Lu decidiu compartilhar sua experiência com o balé em um perfil no Instagram, o Ballet aos 60, e as publicações fizeram sucesso. As seguidoras começaram a procurá-la, perguntando sobre turmas que oferecessem aulas de balé para pessoas acima dos 60 anos. A partir dessas interações, Lu teve a ideia de criar o Aulão do Bem, projeto que acolhe pessoas de todas as idades em aulas de balé para iniciantes. Os encontros acontecem sempre no primeiro sábado do mês, em diferentes escolas no Rio de Janeiro, e o valor da inscrição é doado para uma instituição beneficente.

Para ser madrinha do projeto, Lu convidou Ana Botafogo. "Eu achei que tinha tudo a ver porque, assim como inspiro crianças, também quero agora inspirar as (pessoas) mais velhas, as mais de 60, que é exatamente a minha faixa etária", afirma a bailarina, que completou 67 anos em 2024.

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Ana acrescenta que admira o aulão e gosta de acompanhar o sucesso do projeto. "Eram cinco pessoas, viraram dez e um dia já tinha um grupo enorme. O último aulão que fizemos foi na sala do Teatro Municipal do Rio. A Lu conseguiu colocar 200 pessoas lá dentro".

A bailarina conta que nem sempre as escolas de dança foram receptivas com quem queria começar o balé na vida adulta. "Antigamente, aquele adulto que quisesse entrar numa escola de balé entrava numa aulinha com as crianças de 11, 12 anos. A criança olhava esquisito e o adulto ficava incomodado de ter que fazer aula com uma criança", lembra.

Nos últimos anos, porém, Ana vê mudanças. "Acho que o preconceito diminuiu muito. Hoje em dia, toda escola tem turmas de balé adulto, seja iniciante ou um pouquinho mais avançado".

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