Na semana passada na Grã-Bretanha, Nicky Ashwell, uma mulher que nasceu sem uma das mãos, exibiu uma prótese biônica feita com tecnologias tiradas da Fórmula 1 e de programas militares para imitar os movimentos de uma mão comum, o que inclui 14 posições.
Segundo a mulher, o sentimento de naturalidade é muito maior. Segundo a Steeper, o fabricante da prótese, o sistema custa o equivalente a quase R$ 150 mil.
A tecnologia é de causar inveja em muitas pessoas que precisam de próteses, e o problema é que a maioria delas não terá acesso a esse tipo de prótese por ela ser cara demais.
Terceira dimensão
Uma dessas pessoas é Stephen Davies. Em 2008, ele visitou uma unidade de próteses do Sistema Nacional de Saúde pública britânico (NHS), em busca de uma opção mais funcional para o braço artificial que usava - tinha dificuldades em atividades de jardinagem e precisava de uma prótese cuja mão pudesse fechar o punho.
Davies, porém, recebeu o que batizou de "prótese medieval", para lá de rudimentar em comparação com a prótese de Ashwell, por exemplo.
"Eu não podia acreditar no que estava vendo. Eu já escondia meu braço mesmo antes de ter recebido aquilo", lembra.
Sua solução foi procurar uma instituição de caridade, a e-NABLE, que usa impressoras 3D para criar mãos de desenho simples para pessoas que não têm dinheiro para próteses biônicas.
Apesar da simplicidade, os modelos são sofisticados o suficiente para permitir o movimento dos dedos.
Davies juntou os cerca de R$ 9 mil necessários para comprar uma impressora 3D e não só imprimiu uma mão para ele mesmo: ele tem ajudado outras pessoas na mesma situação.
Versatilidade
"Não há muitas pessoas com esse tipo de iniciativa no Reino Unido, então as pessoas estão desesperadas por opções. Especialmente as crianças, porque elas crescem rápido e precisam atualizar as próteses regularmente", explica o britânico.
"As crianças também gostam das próteses 3D porque elas podem ser coloridas e customizadas. Já vi algumas, por exemplo, decoradas com personagens como o Homem de Ferro e Homem Aranha. Isso pode fazer com que deixem de sofrer no recreio da escola para serem crianças ".
Mas Jo Dixon, da ONG Reach, que trabalha especificamente com crianças com mãos ou braços amputados, explica que crianças muitas vezes não querem usar próteses.
"Elas são muito versáteis e frequentemente se adaptam às tarefas diárias como cortar comida e usar os brinquedos com seus cotocos. Pais volta e meia me contam que elas simplesmente tiram as próteses e as deixam no chão para brincar, por exemplo", conta Dixon.
Mas, para adultos, os braços e mãos biônicos estão ganhando popularidade, segundo Ted Varley, da Steeper.
"A capacidade das próteses está aumentando. Os preços tendem a cair de forma gradual e as próteses ficarão mais populares. Isso significa que estarão presentes no NHS, por uma questão de custo-benefício".
Dixon, porém, explica que mesmo a modernização das próteses não evita que a decisão de usá-las envolva coragem. Uma das principais preocupações, diz ela, ainda é com olhares ou comentários alheios.
"(Usar próteses) É algo muito pessoal. Mas já notei, por exemplo, que no caso das crianças muitas vezes são os pais que querem vê-las com as próteses, para criar alguma sensação de normalidade. É preciso muita confiança para se usar uma prótese o tempo todo", afirma.