A jornalista e ex-apresentadora do "Jornal da Globo", Christiane Pelajo, de 52 anos de idade, publicou -- em coautoria com a atriz Maria Gal -- o livro “Uma Sobe e Puxa a Outra", obra que traz relatos de 44 mulheres que venceram barreiras e expandiram horizontes. No capítulo de Pelajo, a profissional compartilha detalhes de seu tratamento contra o câncer de rim, em 2016.
"Na época, eu fiquei muito abalada, foi um sofrimento muito grande. Não tinha estrutura para que as pessoas me olhassem com pena, com dó, com aquela cara de 'coitadinha, ela vai morrer'; 'quantos meses de vida ela tem?'. Não aguentei isso", contou a jornalista à revista "Quem", durante sessão de autógrafos no Rio de Janeiro na última quarta-feira (12), com a presença ilustres dos colegas de profissão Maria Beltrão, Andréia Sadi e André Rizek.
Pelajo assumiu que na época não compartilhou a doença com o público por "estar fragilizada" e "não conseguir se abrir”. Agora, alguns anos depois, acredita que a decisão de manter segredo foi equivocada. "Acredito muito na força do coletivo, da colaboração, teria sido mais fácil, algo que eu poderia ter ajudado as pessoas e poderia ter sido ajudada", disse.
Libertador
Tornar a doença pública só pareceu uma ideia confortável algum após a cura do câncer: "Fazendo uma reflexão, muito tempo depois veio isso na cabeça; 'evidente que, se eu contar minha história, eu vou ajudar pessoas que estão passando por isso, que passaram por isso e que venham a passar por isso;. Resolvi passar de novo por esse processo doloroso da minha vida escrevendo. Quando a gente escreve, revive aquilo tudo. E foi absolutamente libertador. Agradeço ao leitor que me acompanhou até o fim do capítulo, porque foi uma cura para mim ter escrito isso tantos anos depois", diz.
Segundo a jornalista, no começo, não conseguia falar sobre o assunto sem chorar. “Escrevi o meu capítulo aos prantos. Chorava, meu marido chorava quando eu dizia que ia escrever sobre isso. E a decisão foi uma epifania: fui correr na praia pensando sobre o que ia escrever e a única questão que a gente queria em todos os capítulos era que todas as mulheres escrevessem sobre histórias que puxassem outras mulheres, que servissem de inspiração e exemplo", explica.
"As primeiras pessoas que vieram falar comigo sobre isso, óbvio que eu chorei. Hoje, em dia eu consigo falar sem chorar. Foi libertador, uma cura, mesmo, e falar disso sem chorar... Os leitores me ajudaram ", celebra a jornalista, que deixou a Globo em 2022, depois de 26 anos na emissora.