Segunda dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil, cerca de 26,3% das parturientes apresentam sintomas da doença
Não é tabu. Vemos quase diariamente relatos, notícias e alertas sobre a depressão pós-parto, mas muitas pessoas, principalmente alguns médicos, ainda não consideram a a seriedade da doença, o que interfere no tratamento adequado para a mãe que está sofrendo com os sintomas. Nessa matéria, nós vamos te explicar tudo!
Mas o que, de fato, é depressão pós-parto?
"A depressão pós-parto é um transtorno psíquico que pode surgir logo após o nascimento do bebê ou até os seus 6 meses de vida. Além disso, nem todos os casos se manifestam assim que a criança nasce - vai depender de cada situação. "É uma condição que pode afetar qualquer mulher após o parto, com ou sem motivo aparente. Além disso, ela pode ser classificada em níveis que variam de leve e transitória até graus mais severos. Em alguns casos, essa condição pode, eventualmente, evoluir para um quadro psicótico, o que chamamos de Psicose Puerperal. Nesse caso, torna-se, portanto, necessária a internação para controle da doença", explica a psicanalista Dra. Andréa Ladislau."
As causas
Segundo a especialista, as causas são muito distintas e podem variar de mulher para mulher, de acordo com o histórico de vida e de saúde física e mental de cada uma. "Podem até não ter causas aparentes, porém, emoções fortes após o parto; decepções ou luto inesperado, podem ser causas mais frequentes. Além de depressão iniciada na gravidez, que têm risco maior de gerar depressão pós-parto", completa.
Sintomas
Os sintomas mais comuns associados à depressão pós-parto são:
- Tristeza;
- Irritabilidade;
- Fadiga;
- Insônia;
- Perda de apetite;
- Ansiedade.
"Algumas mulheres não falam sobre os seus sintomas. Sentem-se envergonhadas ou culpadas por se sentirem deprimidas quando era suposto sentirem-se felizes, além de terem medo de serem vistas como más mães. Mas, em geral, a depressão pós-parto pode ser moderada'', destaca a Dra. Andréa.
Fatores de risco
Existem alguns fatores de risco para a doença, sendo eles:
- Histórico de depressão pós-parto anterior;
- Falta de apoio da família, parceiro e amigos;
- Limitações físicas anteriores, durante ou após o parto;
- Estresse, problemas financeiros ou familiares;
- Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais;
- Depressão anterior;
- Transtorno bipolar;
- Falta de planejamento da gravidez;
- Depressão antes ou durante a gravidez;
- História de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), que é a forma grave de tensão pré-menstrual (TPM);
- Violência doméstica.
Também pode afetar a criança
A psicanalista aponta que o principal problema em relação à depressão pós-parto é o distanciamento que a mãe cria do filho, mesmo de forma inconsciente. "A falta de conexão com filho agrava a depressão e irá trazer consequências e traumas emocionais importantes, a curto e longo prazo, para essa criança."
Diagnóstico e tratamento
"A prevalência de sintomas relacionados à rejeição materna, tristeza profunda, alterações de comportamento severas e isolamento, detectam a depressão pós-parto. Esse diagnóstico pode ser feito pelo psiquiatra ou psicólogo, através de ferramentas próprias que serão aplicadas na terapia para identificar o problema. Ou seja, o diagnóstico está relacionado à intensidade dos sintomas e tempo de permanência destes", explica.
Já para o tratamento, a psicanalista pontua que deve-se analisar cada caso com muita atenção. "A fim de se estabelecer a melhor estratégia de tratamento para cada situação em particular, e da maneira mais precoce. Os tratamentos podem incluir: medicação, psicoterapia, tratamentos hormonais, intervenções psicossociais e acompanhamento para auxiliar no resgate da conexão mãe-bebê."
O pré-natal psicológico
"O pré-natal psicológico é o acompanhamento de um psicólogo especializado em saúde gestacional e maternal que, junto com o obstetra, acompanha a gestante durante todo seu processo gestacional e
pode seguir com ela ao longo do pós-parto. É um tratamento preventivo importante para conter o avanço da doença", comenta.
A depressão pós-parto pode ser evitada?
Infelizmente, a depressão pós-parto, com frequência, não é diagnosticada ou não é tratada a tempo, e por vezes, nem mesmo parentes próximos conseguem perceber ou entender o que está acontecendo, até que, em alguns casos, seja tarde demais. "Por isso, é extremamente importante que, ao menor sinal de que algo está errado, como necessidade de isolamento, negação da maternidade, rejeição ao filho, entre outros aspectos, seja prontamente buscada ajuda de um profissional especializado em saúde mental. Dessa forma, ele poderá acompanhar o caso de perto, além de fornecer subsídios e ferramentas para conter o avanço da doença. Consequentemente, isso poderá trazer mais qualidade de vida e bem-estar para essa mãe", finaliza a psicanalista Dra. Andréa Ladislau.