Desmitificando a harmonização facial: afinal, qual o problema?

Apesar do estigma que envolve o procedimento, melhorar a harmonia é um objetivo importante de qualquer tratamento estético

31 jul 2023 - 06h15
Foto: Instagram / Reprodução

Com sua popularização, a harmonização facial passou a ser sinônimo de artificialidade e, hoje, carrega uma série de estigmas criados pela divulgação de resultados exagerados na mídia e nas redes sociais, o que afasta muitos pacientes que se beneficiariam da técnica. 

Não à toa, muitos profissionais deixaram de usar o termo “harmonização facial” pela conotação negativa que carrega. Mas é inegável que a busca pela harmonia é uma parte intrínseca de todo e qualquer procedimento estético facial. 

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“A harmonia facial está profundamente ligada ao belo desde os primórdios da humanidade. Essa era a busca dos grandes pintores renascentistas ao tentar retratar a beleza de alguém em seus quadros. Então, um profissional experiente e sério nunca deixará um rosto fora de harmonia ao realizar um tratamento. Esse deve ser um dos principais objetivos dos procedimentos estéticos, independentemente do nome que é utilizado”, diz Cláudia Merlo, médica especialista em Cosmetologia pelo Instituto BWS.

Estratégia de rejuvenescimento

Apesar de todo esse processo de estigmatização do tratamento, a harmonização facial é uma excelente estratégia de rejuvenescimento e embelezamento quando devidamente indicada e realizada. 

“A harmonização facial é extremamente benéfica não apenas para quem deseja rejuvenescer, já que permite devolver a estruturação do rosto perdida com o envelhecimento, mas também para pacientes mais jovens que possuem alguma característica que prejudica a proporcionalidade da face, causando um desconforto estético. Por exemplo, a retração do queixo é um problema que incomoda muitos pacientes, que recorrem até mesmo a cirurgias ortodônticas, e pode ser solucionado com uma harmonização”, afirma a médica.

Cláudia Merlo explica que um dos grandes motivos dos resultados exagerados vistos por aí é a realização dos procedimentos a partir do bom senso e visão artística do médico, em vez de ser baseada em estudos do rosto e estruturas faciais do paciente. 

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“O problema é que o bom senso e o gosto artístico são muito individuais e, por isso, não devem ser ferramentas do médico na hora de realizar um tratamento. Para garantir resultados eficazes e ao mesmo tempo naturais, essas técnicas devem ser feitas a partir de evidências, de um estudo aprofundado da anatomia facial que leve em consideração ossos, músculos, gordura e pele”, diz a especialista.

A cefalometria é uma ciência

A médica explica que, ao realizar qualquer procedimento facial, uma de suas principais ferramentas é o estudo da cefalometria do paciente. 

“A cefalometria é uma ciência, inclusive muito utilizada por pintores, que estuda as dimensões de toda estrutura do crânio e da face de uma pessoa. A harmonização facial, inclusive, parte desse estudo cefalométrico”, explica a médica. 

No entanto, muitos profissionais realizam harmonizações faciais sem esse conhecimento prévio, com múltiplas injeções indiscriminadas, levando então aos resultados exagerados.

A especialista diz ainda que uma avaliação aprofundada da anatomia facial é fundamental não apenas para a garantia de resultados satisfatórios, mas também para auxiliar o profissional a estruturar e harmonizar adequadamente o rosto com a menor quantidade de produto possível. 

“Por mais que o ácido hialurônico, por exemplo, seja biocompatível com o organismo, é importante estabelecer um limite. Se utilizarmos uma grande quantidade de preenchedores, podemos distender demais a pele, que tenderá a apresentar mais flacidez uma vez que o efeito passe, afinal, essas substâncias são temporárias. Cria-se então um ciclo vicioso, em que a cada sessão de manutenção são necessárias quantidades cada vez maiores de preenchedor”, alerta ela.

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Visão artística fica de lado

Além de deixar a visão artística de lado para se basear nos estudos, é importante também que o profissional que realizará o procedimento esteja aberto para ouvir opiniões tanto do paciente quanto de outros profissionais. 

“É preciso deixar a vaidade de lado e estar aberto a críticas para que o nosso bom senso e visão artística não se sobressaiam. Por isso, eu sempre trabalho em equipe e pergunto a opinião das minhas assistentes, que também possuem um conhecimento aprofundado de anatomia facial, para garantir os melhores resultados para o meu paciente. E os pacientes amam essa abordagem, pois passa mais confiança”, reforça Cláudia.

Levar em consideração a opinião do paciente também é importante, mas sempre alinhando suas expectativas às reais possibilidades e limitações do procedimento. 

“Muitas pessoas desejam ter lábios muito grandes ou um maxilar proeminente. É um direito desse paciente. Novamente, o gosto é muito pessoal. Mas cabe ao médico explicar o que realmente é possível e como serão os resultados, sempre com base em estudos”, afirma a médica. 

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Outros procedimentos

Se necessário, o profissional poderá indicar outros procedimentos além da aplicação de preenchedores para alcançar um efeito potencializado sem deixar a naturalidade de lado. 

“A personalização do plano de tratamento é fundamental, pois não adianta replicar o mesmo procedimento em pacientes com características distintas. E, ao contrário do que muitos pensam, a harmonização facial não se restringe aos preenchedores, consistindo, na verdade, em um conjunto de técnicas escolhidas individualmente para melhorar a harmonia facial. Além do ácido hialurônico, podemos utilizar bioestimuladores de colágeno, toxina botulínica, lasers e diversas outras tecnologias”, diz.

É claro que, dado o cenário atual, certa cautela na hora de realizar um procedimento de harmonização facial é sempre bem-vinda. Mas os estigmas que envolvem esse tipo de tratamento não devem desestimular sua realização, pois, para garantir bons resultados, basta adotar alguns cuidados. 

“Procure referências do médico com conhecidos ou então acompanhe-o nas redes sociais para verificar como os procedimentos estéticos são realizados e quais os resultados conquistados”, aconselha a especialista. Além disso, na hora da consulta, não tenha medo de pedir explicações sobre o tratamento. “Tire todas as suas dúvidas. No final das contas, é importante que você tire suas próprias conclusões em vez de confiar naquilo que é divulgado pela mídia ou pelo médico em suas redes sociais”, finaliza Cláudia Merlo.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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