Dia da Prevenção da Obesidade: 5 consequências do excesso de peso

Doença que afeta mais da metade dos brasileiros pode prejudicar rins, articulações, coração, circulação e até mesmo a fertilidade

11 out 2023 - 06h25
Foto: Adobe Stock 

11 de outubro é o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, data criada para conscientizar a população sobre a doença e incentivar a criação de estratégias para combatê-la. 

“A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Define-se um indivíduo como obeso quando o índice de massa corporal (IMC) é maior que 30, sendo que as principais causas incluem uma alimentação desbalanceada, principalmente rica em açúcar e gorduras, e o sedentarismo, ou seja, a falta de prática regular de atividades físicas”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). 

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O Ministério da Saúde estima que cerca de 57% dos brasileiros estavam com sobrepeso em 2021, o que pode trazer sérias consequências para a saúde, conforme um time de especialistas explica.

Redução da fertilidade 

Diversos estudos mostram o impacto negativo da obesidade na fertilidade do casal. 

“Mulheres com sobrepeso têm cerca de 25% menos chances de engravidar e aquelas com obesidade apresentam queda na taxa mensal de gravidez de até 50% em relação às mulheres com a mesma idade e com peso normal. Em relação à obesidade masculina, o impacto pode ser ainda maior. Homens obesos apresentam diminuição de até 60% na fertilidade, pois a obesidade pode ocasionar baixa quantidade e qualidade do sêmen”, diz o Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. 

“Nos homens, o excesso de gordura corporal prejudica a produção de testosterona, o que, além de reduzir o apetite sexual e causar dificuldades de ereção, também interfere na qualidade e quantidade de esperma. No geral, quanto maior o sobrepeso, menor é a qualidade, concentração e mobilidade do esperma”, ressalta o especialista. 

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“Já nas mulheres, o peso inadequado também interfere na produção dos hormônios sexuais femininos, principalmente o estrogênio, o que, consequentemente, atrapalha o processo de ovulação”, explica Rodrigo, que acrescenta que, no caso das mulheres, ainda há risco de desenvolver diabetes gestacional durante a gravidez, o que pode causar problemas de saúde na criança.

Danos às articulações 

As articulações também são afetadas pelo peso excessivo. “O sobrepeso causa uma sobrecarga das articulações, provocando um ‘trauma’ repetitivo excessivo da cartilagem, o que, consequentemente, leva a sua degeneração”, explica Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). 

O dano é ainda pior quando o sobrepeso está associado ao sedentarismo. “Os pacientes sedentários apresentam uma diminuição da massa muscular, levando a perda de proteção das articulações. É importante lembrar que as articulações foram feitas para serem movimentadas, logo, se ficam paradas por muito tempo, sofrem um processo de atrofia e rigidez que causa dor”, completa o especialista.

Risco de doenças metabólicas 

A Diabetes tipo 2 é uma doença metabólica frequentemente associada à obesidade, visto que o abuso de açúcar e carboidratos, além de favorecer o ganho de peso, faz com que o organismo se torne resistente à insulina, o que causa a condição. 

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“A doença hepática gordurosa não alcóolica é outra doença comumente observada em pessoas obesas, sendo caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado, o que, se não tratado, pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e esteatoepatite, além de levar à fibrose e ao desenvolvimento de cirrose hepática”, afirma Marcella Garcez. 

“Além disso, pessoas obesas também possuem maiores chances de desenvolver câncer, já que o acúmulo de gordura estimula a produção de hormônios envolvidos no desenvolvimento de células cancerígenas.”

Mau funcionamento dos rins 

A função renal também é prejudicada pelo excesso de peso. “Quando o corpo fica maior devido ao acúmulo de gordura, os rins filtram em ritmo acelerado - o que chamamos de hiperfiltração – que, a longo prazo, leva à doença renal crônica, com um risco estimado de duas até sete vezes maior do que em indivíduos sem obesidade”, explica Caroline Reigada, médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Doenças cardiovasculares e circulatórias 

A obesidade é um fator de risco para o aumento do colesterol, hipertensão e doenças cardiovasculares e circulatórias. 

“A gordura está relacionada com o depósito de placas de colesterol nas artérias coronárias que irrigam o coração, favorecendo a má circulação do sangue. Além disso, as veias são afetadas pela grande quantidade de sódio acumulado no organismo de quem está com sobrepeso, o que causa retenção de líquidos e dificulta ainda mais a circulação”, diz a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. 

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Essa gordura também dificulta o retorno venoso, o que a torna uma vilã para a saúde das pernas, já que facilita o surgimento de varizes. 

“Com o retorno venoso prejudicado, o sangue que deveria voltar ao coração fica acumulado nas pernas, aumentando a pressão sanguínea dentro das veias e favorecendo a sua dilatação”, alerta a especialista, que ainda ressalta que, se não forem tratadas corretamente, as varizes podem gerar outras complicações relacionadas ao bombeamento inadequado de sangue, como a trombose, caracterizada pelo desenvolvimento de um coágulo sanguíneo nas veias que causa uma inflamação na parede do vaso.

Mas é possível investir em cuidados que ajudam a prevenir e combater o obesidade para a manutenção de uma boa saúde. E a adoção de uma alimentação saudável e balanceada é o melhor método para manter o peso sobre controle. 

“Evite consumir ‘junk foods’ e alimentos industrializados e ricos em sal, açúcar e gorduras. No lugar, aposte na ingestão de frutas, verduras, legumes, grãos, alimentos integrais e carnes magras”, aconselha a Dra. Marcella Garcez. “Incluir atividades físicas na rotina é outra boa maneira de afastar os diversos problemas de saúde relacionados ao sobrepeso. O ideal é que você pratique exercícios físicos pelo menos três vezes por semana, de preferência caminhada, corrida, natação e ciclismo, que estão entre as práticas mais simples e eficientes para o controle do peso”, completa a médica.

Mas, caso você já sofra com obesidade, o ideal é consultar um médico nutrólogo. “Evite a todo custo receitas milagrosas para emagrecer e dietas extremamente restritivas encontradas na internet, já que, além de não serem realmente eficazes no emagrecimento, essas mudanças drásticas nos hábitos alimentares, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, podem oferecer riscos à saúde quando realizadas sem acompanhamento médico”, alerta a especialista. 

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“O médico especializado é capacitado para prescrever um plano de emagrecimento e combate à obesidade realmente eficaz e saudável, levando em conta as necessidades e características de cada indivíduo”, finaliza Marcella Garcez.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. 

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