A doença celíaca é uma condição comum: de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1% da população mundial sofre com o problema. Contudo, ela é frequentemente confundida com a intolerância ao glúten. Apesar das muitas semelhanças, os dois problemas são diferentes, e cada um requer um tratamento específico.
Doença celíaca ou intolerância ao glúten?
Conforme o Ministério da Saúde, a doença celíaca é uma condição autoimune causada pela intolerância ao glúten. Isto é, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados. Porém, a intolerância ao glúten propriamente dita não envolve uma resposta autoimune ou alérgica.
Apesar disso, indivíduos com essa condição experienciam sintomas semelhantes aos da doença celíaca após a ingestão de glúten, mas sem os marcadores imunológicos ou o dano intestinal associados à doença celíaca. Esses sinais geralmente incluem dor e/ou distensão abdominal, inchaço, excesso de fases, perda de peso e diarreia.
Impacto no cérebro e sintomas associados
Mas, o que talvez algumas pessoas não saibam, é que o problema também pode acometer o sistema nervoso central, provocando inflamações na região do cérebro.
"A doença celíaca é considerada multissistêmica, portanto, pode acometer inúmeras regiões do organismo, incluindo o cérebro. Entre as principais formas de manifestações neurológicas da condição estão a cefaleia, a neuropatia periférica e a ataxia", explica o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião e pesquisador da disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein.
Ou seja, além de problemas intestinais, a doença celíaca, em alguns casos específicos, também pode provocar dores de cabeça, falta de coordenação e alterações de sensibilidade ao toque, temperatura e força.
"O contato com o glúten desencadeia uma resposta sistêmica com produção de irradiadores inflamatórios que causam, por exemplo, os sintomas das dores de cabeça", explica o neurocirurgião.
Tratamento
Segundo o especialista, ainda não existe cura para o problema e o único tratamento disponível para as pessoas com doença celíaca, até o momento, é a retirada total de alimentos que possuem glúten da dieta.
Portanto, é fundamental ficar atento não apenas aos sintomas intestinais, como a possíveis problemas neurológicos. A recomendação é que, ao perceber algum tipo de desconforto, o indivíduo procure por uma avaliação médica criteriosa.
Já o tratamento da intolerância ao glúten consiste na redução ou eliminação do glúten da dieta, dependendo da severidade dos sintomas.