O diagnóstico de demência frontotemporal de Bruce Willis trouxe mais atenção para a doença neurodegenerativa. A família do ator confirmou a condição por meio das redes sociais, em fevereiro, e segue trazendo esclarecimentos sobre o problema que altera a personalidade e a conduta social.
Mesmo antes, quando foi anunciada a aposentadoria dele por afasia — distúrbio de linguagem que prejudica a capacidade de comunicação do indivíduo —, sua esposa, Emma Heming Willis, a ex-mulher e também atriz Demi Moore e as filhas de ambos os relacionamentos têm falado sobre o avanço da doença e registrado momentos comuns com o artista.
O mais recente foi no último fim de semana, quando toda a família se reuniu para celebrar o aniversário de 68 anos de Willis. São ações simples, mas que ajudam diante de um quadro tão grave sem medicação ou tratamento específico.
"Tratamos o paciente, e não a doença", frisa a geriatra Simone de Paula Pessoa Lima em entrevista ao Terra. "Podemos cuidar do paciente, trazendo alívio e controle dos sintomas da doença, e podemos ajudar a família a compreender essa nova condição, melhorando sua qualidade de vida".
No caso dos sintomas, aí sim serão adotados tratamentos específicos — antidepressivos para pacientes com quadros de depressão, acompanhamento de fonoaudiólogo para aqueles com dificuldade na fala, por exemplo. "O objetivo é fornecer suporte e criar um ambiente seguro para esse indivíduo que está doente", explica.
Em meio a isso, a família pode atuar adaptando a rotina do ente acometido pela demência frontotemporal, com sequências de atividades que o indivíduo possa seguir enquanto tiver condições motoras.
Conhecimento é essencial no tratamento da demência frontotemporal
Dar suporte a um familiar com a doença também inclui buscar informações sobre o problema, o que parece ser justamente o que a família de Bruce Willis tem feito. A esposa, Emma, passou a integrar uma associação que busca promover a qualidade de vida de pessoas com esse tipo de demência.
Outros membros da família, como Demi Moore, também assumiram o esforço. O comunicado que elas assinaram em conjunto para falar sobre o diagnóstico do ator, por exemplo, direcionou o público a um conteúdo mais aprofundado sobre a condição.
Diagnóstico por exclusão
Como evidenciado pelos famosos, não se trata de uma doença facilmente identificada. O neurocirurgião Felipe Mendes explica que as alterações nas fases iniciais são muito sutis, além de confundidas com outros problemas de saúde.
"Por exemplo, uma pessoa espontânea, que conversava bastante, começa a ficar mais apática, mais quieta. Pode-se achar que ela está começando um quadro psicológico, de ansiedade, depressão", demonstra.
Desse modo, o entendimento do quadro de demência frontotemporal costuma ser esclarecido com o avanço da doença e o surgimento de outros sintomas, associados aos que se manifestaram anteriormente.
Quais os sintomas comuns?
Tanto o neurocirurgião quanto a geriatra Simone de Paula apontam comportamentos como a perda de inibição como um sintoma comum nesses casos. "A pessoa se torna inapropriada socialmente, passa a ter comportamentos que não são aceitos, e não é de propósito", destaca Mendes.
Outros exemplos citados por eles são:
- o desenvolvimento de quadros depressivos
- mudanças de hábitos e gostos
- comportamentos estereotipados, como tiques e compulsões
- agressividade
- afasia, como desenvolvido por Bruce anteriormente
Diante desses fatores, a doença acaba por impactar o tempo de vida da pessoa acometida. Não se trata de uma sentença de morte, mas os médicos avaliam que, com a evolução de outras doenças associadas ao diagnóstico principal, a expectativa de vida do indivíduo com demência frontotemporal não costuma ir além de uma década após a manifestação dos sintomas.