Dizer que o cachorro é o melhor amigo do homem parece clichê e seria caso não se tratasse da história de vida – e quase morte – da advogada norte-americana Tereza Rhyne. Ela não é uma ativista em prol dos animais, nem nada parecido, mas descobriu como o amor de um pet pode mudar uma história. Seamus é o nome do personagem que deu origem ao livro Os cães nunca deixam de amar, a história de um beagle e sua dona lutando contra um tumor maligno e um câncer de mama: “ter Seamus ao meu lado foi uma vívida lembrança de que eu poderia sobreviver”, contou a autora em entrevista ao Terra.
A vida de Tereza estava desestruturada – havia se divorciado pela segunda vez e perdido dois cachorrinhos beagles, que morreram por causa da idade –, estava começando um novo relacionamento e decidiu viajar à Irlanda para “colocar a cabeça no lugar”. O retorno foi bom e ela descobriu que Chris – nome dado ao parceiro na obra – poderia ser seu grande amor. De volta à rotina, ela recebeu a ligação de uma amiga, oferecendo um beagle que caso não fosse adotado, seria sacrificado. A advogada hesitou, mas não resistiu e salvou a vida do novo amigo, o Seamus.
“Quando eu soube que Seamus estava com câncer, fiquei em choque e devastada. Nunca tinha enfrentado isso, ninguém próximo tinha passado pela doença, mas estava determinada a lutar por ele”, contou Tereza. O diagnóstico era desanimador: apenas um ano de vida. Ela ainda se lembra de uma crise de Seamus que a obrigou a leva-lo à emergência: “o sentimento impotência e de poder perdê-lo era horrível”. Ele sobreviveu e continuou o tratamento. O próximo susto, porém, foi em relação à saúde de Tereza: ela foi ao médico e descobriu que estava com câncer de mama.
Ela já estava familiarizada com a doença e com os tratamentos por causa de Seamus e o diagnóstico foi a parte mais difícil. “Câncer é uma palavra assustadora e temos medo da quimioterapia e do que vai acontecer. Seamus soube do seu diagnóstico ou temeu os efeitos. Tentei imitá-lo quando foi a minha vez de passar por isso”, relatou Tereza. Foi nesse momento que ela percebeu que evitar que aquele cãozinho fosse morto e dar a ele um lar não aconteceu por acaso: “entramos na vida um do outro por uma razão, eu cuidei dele e ele de mim”.
Os cães nunca deixam de amar
Tereza aprendeu com Seamus a “aceitar as coisas como elas acontecem e seguir a vida”. Foi o companheiro que não a deixou se entregar, pois apesar de também fazer o tratamento não deixou de querer passear, brincar, ser mimado e comer guloseimas. “Não importava como eu estava me sentindo, eu precisava levantar para fazer as coisas com ele. Seamus me impediu de cair na depressão”, contou. Não só o cão, mas o companheiro Chris, a quem ela agradece todos os dias pelos cuidados, a faziam rir e esquecer de todos os problemas.
Em uma parte do tratamento, mais ou menos na metade das sessões de quimioterapia, Tereza sentia todos os efeitos colaterais: as pernas doíam, o cabelo havia caído, tinha transpirações noturnas, insônia e indigestão, “estava um lixo”. “Levante no meio da noite e me olhei no espelho, fiquei horrorizada, eu parecia um monstro. Comecei a pensar que não havia jeito para me recuperar de tudo aquilo. Seamus apareceu e começou a uivar para mim e me tirou daquele momento de desespero”.
Seamus contrariou o diagnóstico e se curou do tumor maligno, assim como Tereza terminou as sessões de quimioterapia e venceu o câncer de mama. Depois de cerca de um ano de dificuldade, ela escreveu um livro e passou a apoiar a presença dos animais em tratamentos de doenças graves. Segundo ela, os pets dão uma razão para a pessoa sair da cama e superar as doenças. “Para enfrentar algo como o câncer tudo o que é preciso é um amor incondicional”, concluiu.