Culpa do sexo oral? Médicos explicam relação com câncer de garganta

Infecção sexualmente transmissível está associada a diversos tipos de câncer, o que alerta para a necessidade de proteção

29 abr 2023 - 05h00
Imagem meramente ilustrativa de uma banana com marca de batom
Imagem meramente ilustrativa de uma banana com marca de batom
Foto: Pixabay

A notícia de que o sexo oral seria um dos principais fatores de risco para o câncer de garganta foi repercutida internacionalmente. Mas dá para culpar meramente a prática sexual tão popular? A resposta é "não exatamente".

O que o artigo que disseminou o assunto aponta é que o HPV (Vírus do Papiloma Humano), que pode ser transmitido via sexo oral, é uma das principais causas do câncer ororfaríngeo, um tipo comum de câncer de garganta. O estudo foi publicado pelo professor Hisham Mehanna, do Instituto de Câncer e Ciências Genômicas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.

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De acordo com Mehanna, 70% dos casos de câncer na garganta nos Estados Unidos estão relacionados a essa infecção. "HPV é sexualmente transmissível. Para o câncer orofaríngeo, o principal fator de risco é o número de parceiros sexuais, especialmente de sexo oral", disse o professor, segundo o portal Daily Mail.

Como ocorre a transmissão de HPV?

Procurada pelo Terra, a ginecologista e obstetra Juliana Schablatura Vera explica que a transmissão de HPV ocorre por contato direto com a pele ou mucosas infectadas pelo vírus. Geralmente, esse contato é feito por meio de relação sexual desprotegida, seja ela oral, vaginal ou anal.

O também ginecologista Marcelo Cavalcante complementa ao pontuar que há vários subtipos de HPV, de baixo e de alto risco. Os de menor gravidade podem causar lesões como a condiloma acuminado, nome científico para as verrugas que geralmente aparecem nas regiões genitais.

"Outros subtipos são considerados de alto risco oncológico. Então, essas subsdivisões estão relacionadas a uma probabilidade aumentada de desenvolver diferentes formas de câncer, especialmente o câncer de colo uterino na mulher, mas podendo, também ocorrer câncer de pênis, da região anorretal e na cavidade oral". Segundo o Ministério da Saúde, quase 100% dos casos de câncer de colo de útero são decorrentes de infecção por HPV.

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Não precisa parar de transar, basta se proteger

Dito isso, as formas de se prevenir da doença não passam por evitar o sexo oral, mas sim por transar com segurança, como orientam os médicos. "Como é impossível detectar a olho nu se o parceiro sexual apresenta o vírus, é muito importante usar preservativo em todas as práticas sexuais", frisa a ginecologista.

Cavalcante lembra ainda que o preservativo funciona como um método de barreira contraceptivo e que pode evitar o risco de transmissão de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece as vacinas contra HPV gratuitamente para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Pessoas fora dessa faixa etária que não se vacinaram na época ideal também conseguem se imunizar na rede privada.

Fonte: Redação Terra Você
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