Pesquisadores do Instituto Hospital do Mar de Pesquisas Médicas (IMIM) de Barcelona identificaram uma nova proteína, Galectina-1, que poderia barrar o crescimento do câncer de pâncreas e aumentar a sobrevivência dos pacientes em 20%.
Esta proteína pode ser um possível remédio para o tratamento deste tipo de câncer, sem efeitos adversos, sugere o trabalho, que será publicado no próximo número das revistas Cancer Research e Oncoimmunology.
Segundo o IMIM, os pesquisadores comprovaram pela primeira vez os efeitos da inibição desta proteína em ratos com este tipo de câncer e os resultados mostraram um aumento da sobrevivência de 20%. Até agora, as estratégias para tratar este tumor focavam em atacar as células tumorais e tinham muito pouco sucesso.
Os últimos estudos mostraram que tentar destruir o que rodeia o tumor é possivelmente uma estratégia melhor.
"Nossa contribuição vai nesta direção, já que reduzir a Galectina-1 afeta principalmente o sistema imunológico e as células da estrutura que rodeiam as células tumorais, denominadas estroma, o que faz com que a Galectina-1 tenha um grande potencial", disse a doutora Pilar Navarro, coordenadora do grupo de pesquisa em mecanismos moleculares de tumores do IMIM.
"Vimos também que a eliminação da Galectina-1 em ratos não tem efeitos colaterais, por isso pode se tratar de uma abordagem terapêutica segura e sem efeitos adversos", explicou a pesquisadora Neus Martínez.
Em parceria com o Serviço de Anatomia Patológica do Hospital do Mar, que se encarregou de analisar algumas amostras, foram estudados os tumores pancreáticos de ratos com altos níveis de Galectina-1 e após eliminá-la.
Os pesquisadores perceberam que os tumores sem a proteína mostravam menos proliferação, menos vasos sanguíneos, menos inflamação e ainda tinham um aumento do componente imunológico, sobretudo em tumores menos agressivos.
O câncer de pâncreas é um dos tumores com pior previsão que existe, com uma sobrevivência aos cinco anos do diagnóstico inferior a 2%.
Embora não seja um tumor muito frequente, é a quarta causa de morte por câncer nos países desenvolvidos porque por ser assintomático é diagnosticado tarde demais, quando ele já desenvolveu metástases e pela ineficácia dos tratamentos atuais.