Sofre com as dores e dificuldades de movimento causadas pela artrose? Conhece alguém com a doença? Ela é o resultado do desgaste da cartilagem que reveste as articulações. Pode levar ao uso regular de analgésicos e anti-inflamatórios e até tornar a pessoa dependente de outras para as atividades diárias.
O quadro também é conhecido como reumatismo, que engloba doenças que atingem as articulações, como a artrite, que é uma inflamação que pode ocorrer em todas as idades, enquanto a artrose acomete principalmente pessoas idosas, com os primeiros sintomas entre 45 e 60 anos.
Por ser progressiva, a falta de diagnóstico precoce e tratamento pode levar a um quadro de degradação articular acelerado, com aumento dos sintomas. “Muitas vezes quando o paciente procura ajuda médica, a doença já está em estágio avançado e o único recurso terapêutico é a substituição protética da articulação”, comentou o cirurgião-ortopedista e traumatologista Daniel Ramallo, do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia.
Para auxiliar na prevenção da doença e na manutenção da saúde articular, principalmente nas articulações de carga, como joelhos e quadris, o conselho de Ramallo é ter uma rotina equilibrada de alimentação e atividade física, além de manter-se dentro da faixa de normalidade de massa corporal, ou seja, evitando o sobrepeso desde jovem.
“Não existe cura para a artrose, mas podemos adequar nosso dia a dia para uma vida sem dor. Medicamentos com os condroprotetores são capazes de proteger a cartilagem restante. E com as terapias aplicadas corretamente, podemos ter uma melhor qualidade de vida”, explicou o ortopedista e traumatologista Reinaldo Nishiyama, sócio-diretor da Clínica de Fraturas Santa Clara, da Clínica Orthocentro-Osasco e do Centro de Qualidade de Vida.
Atividade física
De modo geral, a atividade física promove o aumento/fortalecimento da massa muscular, que, além de absorver parte do peso e do impacto, aumenta a produção de líquido sinovial (líquido com função de nutrir a cartilagem e com efeitos analgésicos), como informou o ortopedista e traumatologista Lucas Furtado da Fonseca.
“Na artrose, em todas as articulações com a doença, a manutenção da musculatura esquelética com bom trofismo (volume muscular) e boa força são fundamentais. Os exercícios devem ser específicos para a localização da doença e devem levar em consideração a individualidade de cada paciente”, disse o ortopedista Ramallo.
Nos casos de artrose das articulações de carga, como joelhos, tornozelos e quadris, o impacto deve ser evitado e minimizado ao máximo, como alertou Ramallo. O uso de calçado apropriado durante a atividade física também é muito importante.
“No caso de osteoartrose do joelho ou gonartrose, é interessante o fortalecimento de quadríceps e, em segundo plano, de posteriores de coxa. Com uma boa condição física, a pessoa pode se iniciar nos esportes, de preferência sem impacto (natação, hidroginástica, bicicleta), e posteriormente progredir”, completou Fonseca. Sentir dores no início é comum, até porque a artrose ocasiona certa rigidez articular, muitas vezes temporária/inicial, porém incômodo em excesso mostra necessidade de mudanças.
Controle de peso
Quanto mais leve o paciente, menor a sobrecarga nas articulações. Portanto, controle do peso, uma musculatura bem trabalhada e uma alimentação saudável são peças fundamentais para a saúde das articulações. O acompanhamento de nutricionista, ortopedista e psicólogo são válidos em casos de necessidade de dar adeus a alguns (ou muitos) quilos a mais.
Fisioterapia
A fisioterapia segue os princípios de fortalecimento muscular e deve ser solicitada pelo médico de acordo com a necessidade do paciente. A indicação é individualizada e, portanto, os exercícios e recursos a serem empregados podem variar em cada caso. “O efeito analgésico provém da estabilização articular e maior tolerância à dor. Se o paciente possui uma artrose leve e está assintomático, pode reduzir gradativamente as sessões. Em vigência da crise de artrite (processo inflamatório das articulações), o paciente deve seguir com três a cinco sessões semanais”, comentou o ortopedista Fonseca.
Viscossuplementação
A viscossuplementação é a nutrição da articulação com ácido hialurônico. “Pode ser usada nos casos de desgaste inicial e visa preservar a qualidade da cartilagem presente na articulação. Pode ser aplicada nas grandes e pequenas articulações do corpo e a indicação é individualizada de acordo com estágio da doença, localização, gravidade dos sintomas e expectativa do paciente”, como informou o ortopedista Ramallo. Os efeitos podem durar até um ano e o número de doses é avaliado de acordo com a resposta do paciente ao tratamento. “As evidências científicas mostram resultados inquestionáveis para o joelho, com uma tendência de resultados positivos para o tornozelo e quadril”, comentou o ortopedista Fonseca.
Infiltração com plasma rico em plaquetas
“É a entrega do plasma rico em plaquetas no local da dor/inflamação. Essa técnica é feita por meio da colheita do sangue do paciente e separação centrífuga do plasma e dos componentes celulares do sangue, sedimentação das hemáceas e utilização de um plasma com maior concentração de plaquetas suspensas”, comentou Fonseca. Busca reparo tecidual e efeito analgésico. “Cientificamente ainda é alvo de controvérsia, porém clinicamente observamos melhora da dor e da função articular”, comentou o ortopedista Ramallo.
Cirurgia
Nos estágios avançados, em que os outros tratamentos não respondem mais, a cirurgia para colocação de prótese articular é uma solução definitiva. “Muitas vezes, quando o paciente procura ajuda médica, a doença já está em estágio avançado e o único recurso terapêutico é a substituição protética da articulação”, finalizou Ramallo.
Para evitar
Nas articulações de carga como, por exemplo, os joelhos e quadris, uma rotina equilibrada de alimentação e atividade física, e o paciente se mantendo leve com índice de massa corporal dentro da faixa de normalidade, auxiliam na prevenção da doença e na manutenção da saúde articular.