Maconha ajuda a combater efeitos do estresse pós-traumático

A administração de cannabis após um evento traumático pode inibir a síndrome de estresse e lembranças angustiantes

4 set 2014 - 16h11
(atualizado às 18h08)
Foto: Getty Images

A cannabis pode ajudar a combater os efeitos negativos no comportamento e os de caráter psicológico que acarreta a síndrome de estresse pós-traumático, segundo os resultados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Haifa.

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"A administração de maconha sintética (canabinóides) pouco após um evento traumático pode previnir sintomas típicos da síndrome de estresse pós-traumático em ratos, tanto aqueles causados pelo trauma como por lembranças angustiantes recorrentes", diz um comunicado da universidade.

Segundo o estudo, cujas conclusões foram reveladas hoje, esses efeitos foram freados depois que a droga neutralizou a transmissão química entre os receptores emocionais do cérebro.

O estudo foi realizado pelos pesquisadores Najshon Korem e Irit Akirav, do Departamento de Psicologia.

"A importância do estudo está no fato de que contribui para a compreensão da reação cerebral que produz o efeito positivo da cannabis sobre essa síndrome, o que apoia a necessidade de realizar testes clínicos com humanos para examinar seu potencial", alegam os pesquisadores.

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De acordo com a Associação Médica de Israel, cerca de 9% da população israelense sofre com o transtorno por estresse pós-traumático, uma porcentagem que cresce vertiginosamente entre soldados, prisioneiros de guerra, vítimas de ataques e civis que vivem em zonas fronteiriças frequentemente afetadas pela guerra.

Um fenômeno comum entre estes grupos é a exposição quase contínua a eventos que os lembram do trauma inicial, agravando suas condições de vida ao longo de anos.

Akirav, que já realizou vários estudos neste campo, assegura que o uso da cannabis dentro de uma "janela de tempo" apropriada após um evento traumático reduz os sintomas de estresse pós-traumático, segundo demonstraram os testes com ratos.

Em sua última pesquisa, o especialista se centrou nas consequências dos eventos repetidores que lembram o trauma inicial, para saber se a cannabis tem o mesmo efeito positivo.

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Para isso foi administrada a droga a um grupo de ratos que tinham recebido descargas elétricas, e um composto antidepressivo de sertralina a um segundo grupo.

A pesquisa demonstrou que o primeiro grupo não mostrou depois, perante lembranças angustiantes recorrentes, os sintomas típicos do transtorno. 

O estudo também abordou a base neurobiológica do efeito que teve a droga no cérebro. Segundo o comunicado, os ratos expostos a traumas "mostraram um aumento nas expressões de dois dos receptores associados com o processamento da emoções cerebrais: o CB1 e o gr", um reflexo que ficou mitigado naqueles que tinham recebido a dose de cannabis.

"Os resultados de nosso estudo sugerem que a conectividade no circuito do medo do cérebro muda por causa de um trauma, e que a administração de canabinóides impede que esta mudança ocorra", concluíram os cientistas.

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