Se você é apaixonada por salto alto e não se incomoda em usar um sapato de bico fino no dia a dia, é hora dar mais atenção para os seus pés. Não há como negar esse tipo de calçado deixa as mulheres mais elegantes, mas até que ponto vale a pena lidar com alguns calos e desconfortos para não sair do salto? Nâo à toa, 90% dos casos de joanete aparecem em mulheres, de acordo com especialistas.
Para tirar suas dúvidas sobre o problema, o Terra respondeu dez perguntas comuns sobre o assunto com a ajuda do ortopedista Miguel Viana, do Hospital São Camilo, e do ortopedista especialista em pé e tornozelo André Jorge. Confira a seguir.
O que é o joanete?
O joanete é uma deformidade gerada por uma mudança na angulação dos ossos que atinge o dedão do pé. De acordo com o ortopedista Miguel, o dedão fica torto e é desviado em direção ao segundo dedo e as laterais dos pés ganham a carga destinada ao dedão. Por causa da pressão, surge uma bolsa cheia de líquido que, na maioria das vezes, é dolorosa.
O problema aparece normalmente na fase adulta, entre os 20 e 30 anos. Mas também pode surgir precocemente, durante a adolescência, em casos mais raros.
Por que forma o joanete?
Há dois principais motivos que podem causar o joanete: predisposição e uso de calçados inadequados. “No geral, o joanete se forma por fatores intrínsecos que envolvem genética e hereditariedade e os extrínsecos, como o uso de sapato de bico fino, que ajudam a formar ou acentuar o problema”, explica o André.
É verdade que o problema é mais comum entre as mulheres? Por quê?
Sim, 90% dos casos de joanetes são em mulheres e apenas 10% atingem os homens. A explicação mais plausível para isso é que as mulheres usam sapatos de bicos muito finos que ajudam a formar ou acentuar o problema. “Com salto alto, a tendência do pé é escorregar pra frente. Com o bico fino, a tendência é empurrar o dedão em direção ao segundo dedo. A maioria das mulheres une o salto alto e o bico fino e isso piora muito a deformidade”, afirma o ortopedista do Hospital São Camilo.
Quais problemas o joanete pode causar?
O joanete pode causar uma série de problemas, entre eles dores, calosidade, bursite e tendinite. “No primeiro momento, a dor é mais por causa do atrito, conforme o tempo for passando e o joanete for progredindo, pode levar um desequilíbrio de toda a região posterior do pé. Quando acontece isso, o dedão fica insuficiente para lidar com o peso do corpo e começa a jogar mais peso para o segundo e terceiro dedo”, disse Miguel.
Qual a diferença entre joanete e calo?
O calo, muitas vezes, é uma consequência do joanete. “O calo é uma reação que a pele faz, um tipo de proteção, pelo atrito de alguma saliência do pé. Já o joanete, é uma alteração na modalidade do osso que afeta a estrutura do pé”, explica o ortopedista especialista em pé e tornozelo.
É possível evitar?
De acordo com os especialistas, a única maneira de evitar os joanetes é usar sapatos confortáveis, modelos que tenham a parte da frente larga e o solado mais rígido. “Com o tempo, a mulher vai percebendo os calçados que dão mais dores e são piores para o pé dela. E normalmente, os piores são os que a indústria da moda mais fabrica. O ideal é que, mesmo que exista alguma ocasião em que ela necessite usar um calçado desse –e isso sempre vai existir -, a dica é fazer um uso racional de saltos. Eventualmente pode ser usado, mas o problema é usar no dia a dia”, recomenda Miguel.
Tem tratamento?
Infelizmente, o joanete é um problema progressivo que não tem tratamento. “Afastadores e protetores de silicone só ajudam a aliviar a dor e diminuir o atrito, mas não resolvem o problema. O paciente pode tratar os sintomas com anti-inflamatórios e gelo, mas só é possível corrigir a deformidade com a cirurgia”, explica André. Por isso, o ideal é tentar evitar que o problema apareça.
Como é feita a cirurgia?
Existem várias técnicas cirúrgicas para correção do joanete. Na mais comum, chamada de osteopomia, é feito um corte no osso para realinhar sua angulação no pé. O procedimento é feito em média de 1h. Para fixar, são usados micro-parafuso que não precisam ser retirados posteriormente.
“A cirurgia do joanete tem um conceito muito ruim que ficou do passado. Antigamente, com as técnicas cirúrgicas utilizadas, o paciente tinha grandes riscos de que o problema reaparecesse. Fazia cirurgia e tinha 80% certeza de que iria voltar. Hoje, esse risco diminui para 5%”, disse André.
A cirurgia é indicada em todos os casos?
De acordo com Miguel, essa resposta pode variar de um cirurgião para o outro, mas o ideal é operar quando tiver dor crônica acima dos 18 anos. “Eu não indico a cirurgia só para corrigir a parte estética. Tem paciente que não tem dor, mas acha feio e quer operar. Mas essa é uma cirurgia que envolve em mexer em todo equilíbrio na parte da frente do pé. Se não tem dor, tento convencer a fazer um tratamento só com usar calçados mais confortáveis”.
Como é o pós-operatório?
Como a cirurgia mexe com a parte óssea do pé, o pós-operatório pode ser um pouco doloroso. Mas um dia após a operação, o paciente fica livre para andar com Sandália de Barouk, um calçado especial que substitui a muleta. Os pontos são retirados após 15 dias e é possível caminhas com um sapato baixo entre 45 e 60 dias após a cirurgia.