O número de casos de dengue no estado de São Paulo aumentou nos últimos meses. Entre as cidades que mais apresentam registros estão Campinas, Americana e a capital. Ao notar sintomas da doença, deve-se procurar imediatamente orientação médica e evitar automedicação. A grande dificuldade, porém, é que muitas pessoas não sabem exatamente quais são os sintomas da Dengue, que podem ser facilmente confundidos com os da gripe. Por isso, o Terra consultou o Ministério da Saúde e a infectologista Otilia Lupi, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, para tirar as dúvidas sobre sintomas, formas de tratamento e prevenção da dengue. Confira a seguir.
O que é a dengue?
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma doença viral e, atualmente, circulam no País os seus quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). “Clinicamente, não existem diferenças entre os sorotipos. Entretanto, existem subtipos dentro dos sorotipos para os quais existem evidências clínicas e epidemiológicas de um percentual mais elevado de casos graves”, disse a infectologista Otilia. Segundo o Ministério da Saúde, é estimado que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde a dengue é endêmica. O maior surto no Brasil ocorreu em 2013, com aproximadamente 2 milhões de casos notificados.
Quais são os sintomas da doença?
Normalmente, a primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C) de início abrupto, que geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada por dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos também são comuns, como informou o Ministério da Saúde. No período de diminuição ou desaparecimento da febre, geralmente entre o terceiro e o sétimo dia, alguns casos evoluem para a recuperação e cura, porém, outros podem apresentar sinais de alarme, evoluindo para formas graves, com os seguintes sinais: sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, letargia, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura. “O choque é de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada”, afirma o Ministério da Saúde. A especialista Otilia lembra que há infecções assintomáticas, que variam entre 30% e 70%. “Esse fenômeno comum é observado em muitas outras doenças virais.
A dengue é uma condição grave?
Em tese, o fato de ter dengue mais de uma vez aumenta a chance de desenvolver quadros mais graves. “Mas esse é apenas um dos fatores de risco. Entretanto, é possível ter dengue grave logo na primeira infecção”, explicou a infectologista Otilia. Admite-se atualmente que a possibilidade de evoluir para forma grave seja um fenômeno multifatorial: “características da cepa viral; resposta imunológica do paciente, influenciada pela imunidade prévia (infecções anteriores pelos DENVs e outros falvivírus); acesso à assistência adequada; presença de comorbidades, nos extremos de idades, obesidade, imunossupressão, entre outras características; alguns autores mostram que o intervalo e o sorotipo da infecção anterior infuenciaram na frequência de formas graves”, completou a médica.
O que fazer quando os sintomas aparecem?
É preciso estar atento ao surgimento dos sintomas da doença. Caso ocorra, deve-se procurar imediatamente orientação médica e evitar automedicação. Faça repouso e ingira bastante líquido e retorne ao serviço de saúde para ser reavaliado. “Dengue é uma doença dinâmica, que deve ser avaliada continuamentem visando a detecção do surgimento dos sinais de alarme”, acrescentou a infectologista Otilia.
Como é feito o diagnóstico?
De acordo com o Ministério da Saúde, os exames mais importantes em caso de suspeita de dengue são hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem de albumina. “É importante destacar que, quando ocorre uma epidemia, não é indicada a confirmação de todos os casos suspeitos por exame laboratorial. A maior parte dos casos será confirmada por critério clínico-epidemiológico”, informa o Ministério.
Como é o tratamento da dengue?
Não existe tratamento específico para a dengue. É muito importante promover a hidratação, além de usar medicamentos que possam controlar os sintomas, como febre e cefaleia. “Os derivados de ácido acetilsalicílico e os anti-inflamatórios não-hormonais são contraindicados por aumentam a chance de fenômenos hemorrágicos”, alertou a infectologista.
Como prevenir a doença?
Em áreas de risco de dengue, as dicas são utilizar roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, e apostar em repelentes compostos por DEET, IR3535 ou Icaridin na pele à mostra ou nas roupas, seguindo as instruções do rótulo. Segundo o Ministério da Saúde, mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia, como os bebês e trabalhadores noturnos. Para redução das picadas em ambientes fechados, recomenda-se o uso de inseticidas domésticos em aerossol, espiral ou vaporizador. Instalação de estruturas de proteção na casa, como tela em janelas e portas, também pode ajudar. Como a doença é transmitida por mosquitos, é fundamental que as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros nas suas casas e na vizinhança, o que consiste basicamente em não deixar acumular água em recipientes.