Por ser um problema de saúde muito comum, a dor de cabeça acaba sendo ignorada pela maioria das pessoas. No entanto, ainda que, na maioria dos casos, esse sintoma se manifeste de forma passageira e possa ser tratado por meio de analgésicos, existem situações em que ele persiste por mais tempo, o que pode acontecer por diversos motivos. Por isso, para encontrar a verdadeira causa por trás da dor de cabeça que não passa, o mais recomendado é procurar um médico.
"Na verdade, qualquer dor de cabeça deve ser cuidadosamente avaliada, pois ela nunca é algo 'normal', e ninguém deve se acostumar a tê-la. Então, é importante consultar um profissional de saúde para avaliar suas queixas e determinar a causa subjacente. Ele pode fazer um histórico médico detalhado, realizar um exame físico e, se necessário, solicitar exames adicionais para identificar a origem das dores", ressalta a Dra. Tatiane Barros, neurologista e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe).
O QUE PODE SER?
Segundo o Dr. Felipe Mendes, neurocirurgião, cirurgião de coluna e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), vários fatores podem fazer com que a dor de cabeça se torne persistente, recorrente ou crônica, entre eles: predisposição do organismo, histórico familiar, padrão de alimentação alterado e consumo excessivo de alimentos estimulantes (cafeína e bebidas alcoólicas, por exemplo).
O especialista afirma que, em mulheres, o quadro é mais comum, especialmente devido às flutuações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual.
Enxaqueca, cefaleia tensional crônica, sinusite, distúrbios do sono, condições odontológicas, como o bruxismo, e tumores cerebrais também fazem parte das possíveis causas.
O QUE FAZER PARA ALIVIAR?
Se você está com uma dor de cabeça que não passa, enquanto aguarda a sua consulta médica, pode adotar algumas estratégias para aliviá-la:
- Descansar adequadamente;
- Praticar técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda;
- Aplicar compressas frias ou quentes na região dolorida;
- Evitar cafeína e álcool;
- Manter uma dieta equilibrada e hidratação adequada;
- Não frequentar ambientes muito ruidosos ou luminosos;
- Gerenciar o estresse de maneira saudável;
- Controlar a ansiedade.
É importante destacar que, embora grande parte dos indivíduos recorram aos analgésicos para melhorar o incômodo, utilizá-los sem prescrição médica e de maneira exagerada pode levar à consequências indesejadas, como ao surgimento de efeitos colaterais (vômitos, tonturas, irritação gástrica e alteração da função renal ou hepática) e à dependência.
Conforme explicado pela neurologista, a automedicação pode dificultar o diagnóstico correto. "Ela pode atrasar a identificação de uma condição subjacente mais grave que precisa ser tratada adequadamente".
"O próprio uso abusivo de analgésico pode ser um motivo e uma justificativa para que a própria dor de cabeça se torne mais crônica e de difícil controle", lembra o Dr. Felipe.
COMO PREVENIR AS CRISES?
Em casos nos quais a dor de cabeça é considerada crônica, o ideal é tentar reduzir todas as situações que favorecem as crises, fazendo mudanças no estilo de vida. Ter uma boa noite de sono, uma alimentação saudável, praticar atividade física e evitar o consumo de bebidas estimulantes são os primeiros passos, de acordo com o neurocirurgião.
Também existem remédios que podem ajudar a controlar e a reduzir a frequência e a intensidade das dores, assim como outras intervenções, como bloqueios anestésicos e a aplicação de toxina botulínica. "Medicamentos como triptanos podem ser usados quando a crise se inicia", sugere a Dra. Tatiane.
QUANDO SE PREOCUPAR COM A DOR DE CABEÇA QUE NÃO PASSA?
É necessário acender um sinal de alerta se houver o comprometimento da qualidade de vida do paciente e se a dor de cabeça for muito forte ou não desaparecer com analgésicos simples. Além disso, a piora com a prática de atividades físicas também é uma característica que pode indicar a presença de problemas mais sérios.
"Quando essa dor começa a ficar cada vez mais incomodante e, principalmente, quando vem associada a alguns outros sintomas, por exemplo, alteração da visão, crises convulsivas, sonolência e sensação de dormência e fraqueza em um lado do corpo, ou quando surge de forma súbita e muito forte, é preciso se preocupar", detalha Felipe.