O boletim da Fiocruz mostra queda nos casos de SRAG puxada pela redução de casos de covid-19 e rinovírus. Houve aumento nos casos de VSR e influenza nas diversas regiões brasileiras.
Embora os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) tenham diminuído no País, segundo boletim do InfoGripe divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta, 4, com queda puxada pela redução de casos de covid-19 e rinovírus, o documento aponta crescimento no número de casos de vírus sincicial respiratório (VSR), o principal causador da bronquiolite, e influenza (gripe) em diversas regiões do País.
A diminuição de casos de covid-19 e rinovírus foi mais acentuada nos Estados do Centro-Sul do País. Os Estados do Norte e Nordeste também tiveram interrupção ou diminuição do aumento de registros. Em contrapartida, de acordo com o boletim, houve aumento nos casos de VSR e influenza em diversas regiões do País - mas de forma menos significativa.
Além de serem altamente contagiosos a partir do contato com secreções respiratórias, esses vírus costumam apresentar sintomas semelhantes como tosse, coriza e dor no corpo. Pensando nisso e no fato de eles estarem circulando simultaneamente no País, o Estadão falou com especialistas e elencou algumas características particulares de alguns deles para ajudar na sua identificação. Vale destacar, entretanto, que, para um diagnóstico seguro, é preciso buscar um médico. Confira:
Influenza
De acordo com a infectopediatra Flávia Jacqueline Almeida, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a gripe, causada pelo vírus da influenza, costuma ser mais sintomática e intensa que os outros vírus respiratórios. "Por exemplo, de um dia para o outro, o paciente começa a sentir muita dor no corpo e ter febre alta", descreve.
Coronavírus
Segundo a infectopediatra, o coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, costuma provocar sintomas típicos de um resfriado comum, como tosse, coriza e febre.
A perda de olfato e paladar, peculiaridades muito associadas à covid-19 no início da pandemia, hoje não são mais tão comuns, segundo Flávia. "Isso acontece porque a ômicron, principal variante em circulação atualmente, não provoca tanto esses sintomas quando a variante inicial, conhecida como de Wuhan (província chinesa onde o vírus foi identificado pela primeira vez)", pontua.
Além disso, de acordo com o infectopediatra Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), diferente da influenza, o coronavírus costuma ter um quadro evolutivo mais lento e se tornar mais grave apenas depois da primeira semana de infecção.
Vírus sincicial respiratório (VSR)
Esse vírus se manifesta principalmente em crianças pequenas e pode provocar falta de ar, sendo o principal causador de infecções respiratórias agudas em crianças até dois anos, de acordo com Flávia. "O VSR chega com facilidade no pulmão das crianças menores, provocando quadros de bronquiolite e pneumonia graves. Muitas vezes, ele se manifesta pela dificuldade na respiração", descreve.
Justamente pela sua gravidades nos pequenos, Otsuka destaca a importância da vacinação contra o VSR em gestantes, recentemente aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Através dos anticorpos da mãe, esse bebê já nasce mais protegido", justifica.
Rinovírus
De acordo Flávia, esse vírus normalmente se manifesta como um resfriado típico, sem grandes peculiaridades. "São os sintomas clássicos como: tosse, dor de garganta e coriza. Dificilmente, contudo, ele dá febre e dor no corpo", destaca.
Otsuka pontua, porém, que, nas crianças pequenas, o rinovírus também pode provocar bronquiolite — mas com bem menos frequência que o VSR.