É pior do que você pensava: 10 danos do consumo excessivo de açúcar

Consumo excessivo de açúcares agrava os riscos de doenças cardiovasculares, inflamatórias, degenerativas e até neoplásicas

17 set 2023 - 06h15
Foto: Adobe Stock

Vira e mexe surge algum guru na internet travando uma verdadeira guerra contra os carboidratos. Mas será mesmo que devemos cessar o consumo desse macronutriente, que é uma excelente fonte de energia? 

“Carboidratos são macronutrientes formados por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, que podem ter outros elementos em sua composição. Também chamados de açúcares, glicídios ou hidratos de carbonos, possuem como principal função ser fonte de energia, mas também têm função estrutural", explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). 

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"Podem ser classificados como simples e complexos, sendo os simples os que são fonte mais rápida de energia para o organismo, enquanto os complexos, além das fibras alimentares, são fontes de vitaminas, minerais, fontes naturais de antioxidantes alimentares e têm índice glicêmico mais baixos que os açúcares”, completa ela. 

Apesar de terem suas funções, o excesso, principalmente dos simples, pode ser prejudicial para o organismo como um todo, com danos diretos e indiretos. 

Conheça os principais danos do consumo excessivo de açúcares:

• Doenças metabólicas

Obesidade e diabetes são dois dos problemas metabólicos que surgem por consequência de alimentação rica em açúcar, principalmente de doces. 

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"A síndrome metabólica é um conjunto de condições, incluindo pressão alta, açúcar elevado no sangue, excesso de gordura corporal e níveis anormais de colesterol. Reduzir o consumo excessivo do açúcar vai reduzir a ingestão total de calorias, ajudar na perda de peso, ajudar na redução de gordura corporal total e gordura visceral, essa que está entre os órgãos e aumenta o risco de infarto e AVC. Ao reduzirmos a gordura visceral, reduzimos o risco de Diabetes Mellitus e nos pacientes que já são diabéticos, melhoramos o controle da glicose", diz Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio De Janeiro (SCMRJ).

• Câncer

O carboidrato em excesso também pode favorecer o surgimento de câncer. 

“As células cancerígenas, assim como todas as outras células do organismo, precisam de fontes de energia para sobreviver. Enquanto algumas células retiram essa energia do oxigênio, outras, como as células neoplásicas, utilizam como fonte de energia a fermentação do açúcar. Dessa forma, o açúcar, mais especificamente a glicose, pode impulsionar o desenvolvimento do câncer, já que alimenta as células cancerígenas, que crescem e se espalham pelo organismo”, ressalta a médica nutróloga.

• Doenças renais

Os problemas metabólicos podem favorecer uma cascata de danos, segundo a médica nefrologista Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. 

“O açúcar em excesso também acarreta maior inflamação, com consequente risco de diabetes – que é o maior fator de risco para doença renal crônica no mundo. A resistência à insulina – condição típica do diabetes tipo 2 – gera vasoconstrição – estreitamento de vasos – e retenção de sódio e água pelo organismo, além de endurecimento dos vasos sanguíneos – o que pode lesar os rins”, explica a médica.

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• Envelhecimento da pele e do cabelo

O açúcar é considerado atualmente como uma das maiores drogas que consumimos, devido ao potencial vício que promove, segundo a dermatologista Cintia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

“Alimentos ricos em açúcar se unem a proteínas da pele, causando o que chamamos de glicação. Quando essa ligação acontece, as moléculas de colágeno e elastina são quebradas, favorecendo o aparecimento de rugas e flacidez da pele”, diz. 

No cabelo, ele também causa danos, favorecendo a queda e diminuindo a taxa de crescimento dos fios.

• Celulite

Muita gente ainda associa problemas como a celulite e gordura localizada ao sobrepeso, mas isso tem mais relação com o padrão alimentar. 

“Ao ver uma mulher magra, não estamos realizando uma avaliação de composição corporal, sendo assim, ela pode ter alto percentual de gordura e consequente celulite. Não sabemos dos hábitos de vida dessa mulher magra e, além disso, do consumo de alimentos inflamatórios que ela ingere”, explica Cláudia Merlo, médica especialista em Cosmetologia pelo Instituto BWS. 

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Para celulite, além do excesso de açúcar, o de sal também é extremamente maléfico, na medida em que o sódio piora a retenção de líquidos. 

“Para combater essa desordem tecidual, é necessário utilizar suplementos antiglicantes como Glycoxil para reverter os danos”, explica a nutricionista Luisa Wolpe Simas, consultora de nutrição integrada da Biotec Dermocosméticos.

• Fadiga e exaustão 

O excesso de açúcar na dieta faz as mitocôndrias, organelas centrais da célula responsáveis pela produção de energia, perderem eficiência e reduzindo a produção de energia, segundo Marcella Garcez. 

“A hiperglicemia (elevado nível de glicose no sangue) afeta mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Em nível celular, o estudo enfatizou que o açúcar em demasia na dieta afeta a integridade da mitocôndria, considerada o pulmão celular. Com isso, os eventos metabólicos iniciais como fadiga e cansaço podem ser indicativos do desenvolvimento do diabetes”, explica a médica nutróloga.

• Prejuízos indiretos às articulações

O açúcar não é responsável direto por danos articulares, mas indiretamente eles podem acontecer, segundo Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). 

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“A ingestão aumentada de açúcar pode acarretar ganho de peso que tem efeito deletério sobre as articulações”, diz o médico. 

O açúcar também está ligado a fenômenos inflamatórios no organismo que pode ter repercussões articulares, segundo o especialista.

• Problemas circulatórios

O açúcar em excesso pode ser amargo para o coração. Além de estar relacionado com a obesidade e com a diabetes mellitus, ele também é um grande vilão para o aumento de colesterol. O açúcar pode favorecer o aparecimento de problemas cardiovasculares, causando, por exemplo, o espessamento e o acúmulo de placas de gordura dentro da parede das artérias, com consequente obstrução desses vasos. 

“Dependendo da artéria afetada, tal quadro pode levar ainda a incidência de infarto, derrame e problemas de claudicação, que é quando você vai caminhar e tem dificuldade de andar porque falta sangue nas pernas”, diz a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

• Prejudica a saúde oral

O açúcar é um dos grandes vilões da saúde oral. “Um dos principais problemas nesse sentido é a formação de cáries, que ocorre quando as bactérias da boca metabolizam o açúcar que consumimos, tornando o pH da boca ácido e, consequentemente, provocando a desmineralização do esmalte dos dentes e o aparecimento das cáries. E o pior é que o início dessa ação ocorre poucas horas após a ingestão do açúcar. Além disso, o açúcar também favorece o acúmulo de placa bacteriana que, quando não removida adequadamente, também pode ocasionar gengivite e mau hálito”, alerta Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor em Odontologia pela USP. 

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Para combater a ação do açúcar nos dentes e prevenir o surgimento de cáries e outras doenças orais, o mais importante é investir na escovação, que deve ser realizada com uma escova de cerdas preferencialmente ultramacias.

• Problemas de fertilidade e da saúde gestacional 

Além de favorecer a obesidade, o que prejudica a qualidade e a quantidade dos espermas e o processo de ovulação, a ingestão excessiva de açúcar, por si só, já reduz as chances de um casal engravidar. Indiretamente, segundo o ginecologista obstetra Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, o açúcar em excesso pode predispor quadros de obesidade, que têm forte relação com distúrbios reprodutivos. 

“Essas condições estão associadas a uma maior dificuldade em engravidar, ao maior risco de abortos de repetição e problemas gestacionais”, explica o Fernando. “Alguns trabalhos apontam que altos níveis de glicose em mães com diabetes gestacional desencadeiam mudanças epigenéticas no feto em desenvolvimento (modificações na atividade genética do feto em virtude de exposições ambientais), resultando em efeitos adversos para a saúde da criança ao longo do tempo.”

Moderação é a palavra de ordem

Logo, o segredo para não prejudicar a saúde é apostar na moderação, reduzindo o consumo de açúcar a, no máximo, uma colher de sopa do ingrediente por dia. Como é muito difícil reduzir de tal forma a ingestão de açúcar, até porque a maioria dos alimentos contêm alguma forma da substância em sua composição, a recomendação é adotar medidas que podem ser tomadas para reduzir os danos causados pelo açúcar. 

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“Por exemplo, existem nutrientes como fibras, gorduras boas e proteínas que se forem ingeridos juntos com carboidratos refinados, doces e açúcares, reduzem a velocidade de digestão e absorção do açúcar no sangue, diminuindo o índice glicêmico e fazendo com que não os níveis de glicose e insulina circulantes não aumentem tão rápido”, finaliza Marcella Garcez.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. 

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