Einstein e Prevent Senior testarão cloroquina em pacientes

Hospital e operadora vão pesquisar eficácia do medicamento que já mostrou resultados promissores em pesquisas internacionais

21 mar 2020 - 10h11
(atualizado às 13h48)

SÃO PAULO - O Hospital Albert Einstein e a operadora Prevent Senior afirmaram nesta sexta-feira, 20, que conduzirão estudos clínicos para avaliar a eficácia da cloroquina no tratamento da infecção provocada pelo novo coronavírus.

Fachada do Hospital Israelita Albert Einstein, Zona Sul de São Paulo (SP)
Fachada do Hospital Israelita Albert Einstein, Zona Sul de São Paulo (SP)
Foto: FLAVIO CORVELLO / Futura Press

O medicamento é registrado há anos no Brasil para tratamento de artrite, lúpus e malária, mas ganhou destaque nos últimos dias após testes preliminares feitos por chineses e sul-coreanos mostrarem que as drogas são efetivas em limitar a replicação do novo coronavírus in vitro e provocar melhoras em pacientes tratados com o remédio.

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Como os resultados são iniciais e foram observados apenas em um grupo pequeno de doentes, diversos institutos de pesquisa e governos mostraram interesse em estudar a droga.

No Brasil, o Einstein deve iniciar em breve um estudo do uso da cloroquina em quadros graves de covid-19. "O estudo ainda está sendo desenhado, mas vai ser grande e ter financiamento público e privado. Ele vai ser coordenado pelo Einstein, mas terá a participação de outros hospitais", relata o médico intensivista Leonardo Rolim Ferraz, gerente do departamento de pacientes graves do hospital.

O Einstein é um dos hospitais com o maior número de diagnósticos de covid-19 até agora. Foi ele o responsável por detectar os dois primeiros casos brasileiros da doença. Atualmente, conta Ferraz, são cerca de 60 pacientes internados na instituição com infecção por coronavírus, dos quais sete estão na UTI e outros 12, em unidade semi-intensiva.

A Prevent Senior, que também reúne em sua rede de hospitais, a Sancta Maggiore, um alto número de doentes com covid-19, anunciou nesta sexta-feira o início do uso experimental da cloroquina em seus pacientes. Em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa da empresa, o diretor executivo Rafael Souza e a gerente médica Claudia Lopes explicam que o estudo será feito com dois medicamentos.

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"Começamos hoje um protocolo de pesquisa com alguns pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19 com duas medicações que são amplamente conhecidas na comunidade médica: a cloroquina e a azitromicina", diz Claudia. A médica afirma que os testes serão feitos apenas em pacientes em estado crítico e com autorização dos familiares dos doentes.

Pelo menos cinco mortes por covid-19 foram registradas na rede de hospitais da Prevent Senior. Até a última quinta-feira, 19, ao menos 28 pacientes internados na instituição já tinham o diagnóstico confirmado da doença, dos quais 12 estavam na UTI.

Fornecimento

Nesta sexta-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o país "já validou" e está fornecendo a cloroquina para os hospitais que quiserem utilizar de forma experimental em pacientes mais graves. Esse tipo de uso é chamado de compassivo, ou seja, quando uma droga pode ser utilizada mesmo sem estudos suficiente, contanto que em casos de pacientes graves, sem outras opções terapêuticas.

O gerente do Einstein afirma que o uso compassivo não faz parte dos protocolos estabelecidos pelo hospital para tratamento dos infectados pelo novo coronavírus, mas não descarta que médicos da instituição possam fazer uso da terapia mesmo antes do início dos estudos. "Nós temos um corpo clínico aberto, ou seja, os médicos têm a liberdade de tomar as melhores decisões para os seus pacientes, inclusive de uso compassivo de medicação", explica.

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