Assim como arrotar demais é sinal de problema, não conseguir arrotar pode indicar a existência de uma condição rara: a Disfunção Cricofaríngea Retrógrada (DCF-R). A doença ocorre quando o esfíncter esofágico superior não relaxa e, com isso, impede que o excesso de gás no estômago saia pela boca.
Entre os poucos acometidos com a síndrome está o engenheiro carioca Marco Enes. O homem de 42 anos passou a vida inteira sofrendo as consequências de não conseguir arrotar.
"Era praticamente impossível tomar qualquer bebida com gás sem passar mal", relatou o engenheiro, segundo o portal Metrópoles. Do mesmo modo, comer pratos como feijoada eram "uma tortura" para ele.
Enes só encontrou alívio após ser submetido à aplicação de toxina botulínica na garganta. De acordo com a publicação, ele foi uma das primeiras pessoas no Brasil a passar por esse tipo de tratamento. Seu procedimento foi realizado na Santa Casa de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Grupo de apoio
Em meio ao processo de diagnóstico, em 2022, o engenheiro também descobriu que não estava sozinho. Encontrou o grupo "Não consigo arrotar", que mantém um site com informações sobre a doença.
Na página, a entidade explica como o distúrbio afeta os indivíduos. "Cada vez que engolimos, o esfíncter esofágico relaxa brevemente para permitir que o alimento siga em direção ao estômago. O resto do tempo permanece contraído. Para que uma pessoa possa arrotar, o mesmo esfíncter precisa relaxar para deixar o excesso de ar do estômago sair".
O grupo também aponta as consequências da síndrome:
- flatulência em excesso, já que os gases não saem pela boca;
- inchaço e dor, "principalmente na parte superior do abdômen"
- pressão no peito e na parte inferior do pescoço;
- dor aguda na barriga, costas e ombros;
- sons estranhos na garganta, o que gera constrangimento aos portadores.
Outros sintomas considerados são a dificuldade ou mesmo inabilidade de vomitar; falta de ar; constipação; náusea; hipersalivação; soluços dolorosos.
Tratamento
A entidade ressalta que o botox, como a toxina é popularmente chamada, é o tratamento adequado para o problema. Em média, 75 ml da substância é injetada por um médico otorrinolaringologista no músculo esfíncter. A proposta é enfraquecer esse músculo por alguns meses, favorecendo o processo de relaxamento que vai possibilitar os arrotos.
Segundo o grupo, a maioria dos pacientes que passa pelo tratamento tem sucesso absoluto já na primeira aplicação. Outros precisam repetir o processo duas vezes. Em geral, os efeitos são sentidos de um a três meses após o procedimento.