Emílio Surita, 61, voltou ao Pânico, na Jovem Pan, após uns dias distante do programa. Sua ausência levantou especulações sobre seu estado de saúde. O jornalista Odair del Pozzo chegou a afirmar que o apresentador estaria com câncer de intestino. Emílio, porém, não confirmou a informação.
"Eu tive um problema de saúde, estava praticamente recuperado, aí Dadá [Odair del Pozzo, jornalista] mandou uma notícia quando eu já estava recebendo alta. […] Estou bem, estou tranquilo, vou fazer todo o tratamento, mas estou perfeito. Exames bons, deu tudo certo", disse Emílio no início do programa de quarta-feira (17).
Câncer de intestino
O câncer de intestino é um tumor que se desenvolve no intestino grosso, chamado também de câncer do cólon e do reto. A doença quase sempre se desenvolve a partir de pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede do intestino. Por isso, é possível prevenir o surgimento de câncer, já que, ao retirar o pólipo, evita-se que ele se transforme em câncer.
"A colonoscopia pode encontrar esses pólipos quando ainda são benignos e retirá-los evitando o surgimento de um câncer. Nesse estágio de pequenos pólipos raramente aparecem sintomas no paciente, por isso a importância da realização da colonoscopia de rastreio, mesmo que não tenha sintoma algum, a partir dos 45 anos", afirma a médica coloproctologista Dra. Bruna Bavaresco, do Hospital e Clínica São Gonçalo.
Segundo o cirurgião geral Dr. Leonardo Emilio, os principais fatores de risco para o câncer de intestino são:
- Idade igual ou acima de 50 anos;
- Sobrepeso e obesidade;
- Alimentação pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras;
- Consumo de carnes processadas (como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame, entre outras);
- Ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana).
Ainda de acordo com o médico, os principais sintomas do câncer de intestino são:
- Alteração do ritmo intestinal (aquele intestino que funcionava normalmente e passou a ficar preso ou solto sem causa);
- Perda anormal de peso;
- Anemia sem causa aparente.
Além disso, os pacientes podem apresentar dor abdominal e sangramento nas fezes, indica Bruna. Segundo ela, todos esses sintomas podem aparecer apenas quando a doença já está em estágio avançado. Por isso, realizar exames médicos de rotina é tão importante para o diagnóstico precoce.
Tratamento
"O tratamento sempre tem como base a remoção do tumor. Essa remoção pode ser por via endoscópica (colonoscopia) ou cirúrgica, a depender do estágio em que a doença se encontre", explica Leonardo.
Segundo o médico, a cirurgia para o tratamento do câncer colorretal evoluiu muito nos últimos 15 anos, especialmente a cirurgia robótica. A técnica permite uma melhor identificação de sítios de possíveis metástases em todo abdome, além de ser uma cirurgia que determina menores danos aos tecidos do organismo. Por isso, é uma cirurgia minimamente invasiva.
"Na mesma linha, a radioterapia e a quimioterapia também evoluíram muito nos últimos anos e podem ser grandes aliados no tratamento antes ou após a cirurgia. Tudo isso combinado determina uma enorme chance de cura do câncer colorretal, se diagnosticado principalmente nas fases iniciais", destaca o cirurgião.
Prevenção
A principal maneira de prevenir o câncer de intestino é realizar o exame da colonoscopia, que está indicada para todos os indivíduos a partir dos 45 anos. Bruna acrescenta que outras pessoas precisam ter atenção redobrada ao rastrear o tumor. É o caso de portadores de doença inflamatória intestinal ou com histórico de câncer na família. "Esses deverão ser avaliados individualmente para determinar o melhor momento para início do rastreio", afirma.
Cada vez mais jovens estão tendo câncer de intestino
Mesmo que a idade de rastreio comece aos 50 anos no Brasil, cada vez mais jovens estão tendo câncer de intestino. Um estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute e realizado nos Estados Unidos de 1974 até 2014 análise mostrou que nas pessoas entre 20 a 39 anos de idade, por exemplo, o número de casos novos de câncer de intestino vem crescendo anualmente, entre 1% e 2,4%, desde a década de 1980.
Para combater o problema, a oncologista Renata D'Alpino, co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais e neuroendócrinos do Grupo Oncoclínicas, destaca uma iniciativa liderada pela US Preventive Services Task Force.
A medida considera que testes menos invasivos poderiam ser iniciados precocemente e repetidos com intervalos menores em comparação à colonoscopia. Além disso, prevê mudar a idade de rastreamento para os 45 anos, devendo ser repetido a cada 5 anos em caso de resultados normais, como já vem sendo sugerido desde 2019 pela American Cancer Society (ACS).
"Nos EUA o debate sobre uma possível mudança de protocolo, passando a adotar a idade de 45 anos como remendada para o início do rastreio periódico, está sendo baseada na avaliação de centenas de levantamentos e ensaios clínicos que levam em conta o perfil de pessoas assintomáticas na faixa etária acima dos 40 anos. Uma forma possível de ampliar as chances de prevenção seria a indicação de pesquisa das fezes, por meio de testes imunoquímicos e testes de sangue oculto fecais em pessoas mais jovens e que não apresentam mudanças de saúde perceptíveis. De acordo com os resultados, havendo achados suspeitos, a colonoscopia seria então realizada", ressalta a especialista.