A endometriose é uma doença ginecológica silenciosa, que atinge cerca de um décimo das mulheres e pessoas com útero no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo a pasta, entre aquelas que enfrentam infertilidade, os índices são ainda mais altos, variando de 30% a 60% - e entre as que convivem com dor pélvica, chega a 70%.
A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de uma em cada dez mulheres são afetadas pela endometriose durante sua vida. Não há cura conhecida e o tratamento visa controlar os sintomas, geralmente com terapia hormonal, analgésicos ou cirurgia.
No entanto, as coisas estão começando a mudar. De acordo com o jornal inglês The Economist, um ensaio clínico de um novo tratamento não hormonal e não cirúrgico para endometriose, iniciado na Escócia em 2023, está mostrando resultados promissores.
Andrew Horne, professor de ginecologia e ciências reprodutivas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, presidente eleito da Sociedade Mundial de Endometriose, que lidera o estudo, afirma que isso se baseou em exames detalhados sobre como as lesões de endometriose se formam.
O estudo descobriu que pacientes com endometriose peritoneal, que é a forma mais comum, tinham níveis mais altos de uma substância química chamada lactato na pelve. Os cientistas optaram por testar o dicloroacetato (DCA), que é usado para tratar certos distúrbios metabólicos em crianças.
Um pequeno grupo de pacientes tratados com DCA relatou menos dor e melhor qualidade de vida. Um ensaio com um grupo maior, incluindo um grupo controle, está em andamento. Se aprovado, o DCA será o primeiro novo tratamento para endometriose descoberto em quatro décadas.
Apesar dos progressos, Dr. Horne enfatiza a necessidade de mais pesquisas para entender melhor a endometriose e melhorar o tratamento.