Conhecida como uma das principais causadoras de dores crônicas e infertilidade feminina, a endometriose atinge uma em cada 10 mulheres no Brasil. O problemas é que muitas desconhecem a condição, como exposto por personalidades da mídia que recentemente descobriram portar a condição, caso da cantora Anitta.
Isso ocorre porque trata-se de uma doença de difícil diagnóstico, uma vez que os sintomas são variados e comumente associados a outros problemas de saúde. Ela provoca desde fortes dores no período menstrual até dificuldades ou mesmo a impossibilidade de engravidar quando descoberta tarde demais.
Saiba mais com as explicações dadas pelo ginecologista Claudio Bonduki ao portal Terra:
O que é endometriose?
Caracterizada pela presença do endométrio fora do útero, a endometriose acomete mulheres no período reprodutivo. A doença ocorre quando as células do tecido que revestem o útero não são expulsas durante a menstruação, se movimentando no sentido oposto em direção aos ovários ou à cavidade abdominal.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas são dores pélvicas crônicas, dor durante a relação sexual, alterações intestinais ou urinárias e infertilidade.
Tipos de endometriose
- Endometriose intestinal
Ocorre quando o tecido que deveria revestir a parte interna do útero se desenvolve no intestino. Seus principais sintomas são dificuldade para evacuar, dor no abdome durante relações sexuais, diarreia persiste e sangue nas fezes.
- Endometriose profunda
É uma forma mais grave da doença, que ocorre quando o tecido endometrial se espalha por uma área maior, provocando lesões mais profundas.
- Endometriose superficial
Esse tipo se instala no peritônio (membrana que recobre as paredes do abdome) e provoca lesões pequenas e rasas. Seu tratamento costuma ser mais simples.
- Endometriose no ovário
Ocorre quando o tecido endometrial também está presente nos ovários, o que pode provocar cistos, cólicas intensas no período menstrual e dificuldades para engravidar.
- Endometriose de parede
Esse tipo de endometriose é marcado pela presença do endométrio na parede abdominal. Como pode gerar cisto ou inchaço na região, é sentido através do toque.
- Endometriose pulmonar
Também chamada de endometriose torácica, essa inflamação rara ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio aparece no parênquima pulmonar e/ ou na pleura. A pessoa acometida com esse problema pode apresentar acúmulo de ar nos pulmões durante o período menstrual.
Causas
Não há uma causa comprovadamente relacionada ao surgimento da endometriose, mas a ciência fala em fatores de risco do tipo modificáveis, como hábitos alimentares, e não modificáveis, como questões genéticas. Outros pontos a se levar em conta são histórico familiar, primeira menstruação precoce e fluxo menstrual intenso.
Diagnóstico
A maioria dos casos de endometriose possui um diagnóstico tardio devido à pouca atenção às cólicas menstruais. A avaliação é clínica e por meio de exames de imagens, como ultrassonografia transvaginal e ressonância pélvica, e de sangue (CA-125).
Tratamento
O tratamento deve ser individualizado, de acordo com os sintomas e as características da doença em cada paciente. Os principais métodos têm como objetivo o alívio da dor, dos desconfortos e evitar as sequelas da endometriose, especialmente a infertilidade. Além disso, outro objetivo é prevenir a reincidência da doença após o tratamento.
- Remédios
Medicamento para dor, contraceptivos orais e inserção de DIU hormonal são recursos para tratar o problema.
- Cirurgia
Em alguns casos, a cirurgia é o caminho viável. O procedimento pode ser minimamente invasivo, a exemplo da laparoscopia convencional ou robótica (preservando útero e ovários, quando possível).
- Endometriose tem cura?
Não tem cura definitiva. Os sintomas precisam ser tratados e a paciente deve ser acompanhada por equipe médica regularmente para acompanhar os resultados.
- Quem tem endometriose pode engravidar?
Sim, a doença causa infertilidade, mas essa é uma consequência extrema. Mulheres acometidas com endometriose que desejam engravidar precisam de acompanhamento com um especialista em reprodução, que avaliará a necessidade de tratamentos específicos.