Na semana passada, o professor de dança José Eliezio Oliveira Silva, de 50 anos, morreu em Fortaleza vítima de infecção generalizada uma semana após extrair o dente siso.
De acordo com informações fornecidas pela sobrinha da vítima, o professor começou a sentir dores muito intensas no dente no começo do ano e decidiu se automedicar com analgésicos.
Contudo, a dor persistia e ele decidiu marcar uma consulta médica. A sobrinha questiona que não foi feito nenhum exame ou raio-X antes da cirurgia. Além disso, após a cirurgia, o tio saiu sem nenhuma receita médica para o pós-cirúrgico.
Na unidade da UPA, ele teve duas paradas cardíacas. O médico informou que ele teve uma infecção generalizada e uma bactéria na região do pescoço. Na segunda parada cardíaca, ele foi entubado, mas não resistiu.
Procedimento é comum, mas exige cuidados
A cirurgiã-dentista e especialista em saúde bucal Bruna Conde explica que, a extração do dente siso é um procedimento comum na odontologia, mas requer cuidados específicos para prevenir complicações.
É importante que o paciente seja avaliado antes da cirurgia, com exames de imagem para avaliar a posição do dente, a anatomia da raiz e a proximidade com outras estruturas, como nervos e vasos sanguíneos. Essa avaliação ajuda a identificar riscos potenciais, como a dificuldade de acesso ao dente, a presença de infecção ou inflamação, ou a possibilidade de danificar outras estruturas durante a extração.
A falta de exames pré-operatórios e a falta de prescrições para o período pós-cirúrgico são preocupações graves que podem levar a complicações de saúde graves, como a infecção generalizada que acaba levando à morte.
“A infecção generalizada ocorre quando as bactérias se espalham pela corrente sanguínea e atingem vários órgãos e sistemas do corpo, causando uma resposta inflamatória generalizada. Esse tipo de infecção é grave e requer tratamento imediato e suporte médico”, destaca Bruna Conde.
Razões que podem causar a infecção
A infecção após a extração do dente pode ocorrer por diversos motivos. Um dos principais fatores que contribuem para a infecção após a extração do dente é a presença de bactérias no local. As bactérias podem se acumular na região do dente extraído, principalmente se não houver uma boa higiene bucal durante o período de recuperação. As bactérias podem causar inflamação e dor no local, além de gerar pus e mau hálito.
Outro fator que pode contribuir para a infecção após a extração dentária é a baixa imunidade do paciente. Pacientes com imunidade comprometida, como aqueles que passaram por tratamento de câncer, ou que sofrem de doenças crônicas como diabetes, podem ter maior risco de desenvolver infecções após a extração dentária.
A exposição do osso após a extração também pode ser um fator de risco para a infecção. Quando o dente é extraído, o osso que o sustentava fica exposto. Se esse osso não for coberto adequadamente pelo tecido gengival, pode haver uma maior chance de infecção.
O fator das doenças pré-existentes
Por fim, algumas doenças pré-existentes, como a doença periodontal ou a osteoporose, também podem aumentar o risco de infecção após a extração dentária.
“Caso o paciente apresente sinais de infecção após a extração do dente, como dor intensa, inchaço, vermelhidão no local, mau hálito ou febre, é fundamental procurar imediatamente um profissional para avaliação e tratamento adequado. O tratamento para a infecção pode incluir instrução sobre higiene no local, o uso de antibióticos, analgésicos e antiinflamatórios, laserterapia, além de cuidados locais para manter o local limpo e evitar a progressão da infecção. Extrair sisos não precisa ser algo traumático e nem gerar medo nas pessoas”, finaliza Bruna Conde.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.